Os danos na camada exterior do cérebro causados pelo tabagismo podem ser reversíveis depois de a pessoa parar de fumar, mas poderia levar anos, segundo um estudo hoje publicado.

Os exames de ressonância magnética de 50 escoceses septuagenários confirmaram uma ligação entre o fumo e uma aceleração no desgaste relacionado com a idade do córtex — a camada externa da massa cinzenta, de acordo com os investigadores que publicaram o estudo.

Entretanto, os investigadores também referiram, pela primeira vez, o potencial de recuperação após a pessoa deixar de fumar.

O córtex de ex-fumadores no grupo “parece ter recuperado parcialmente para cada ano sem fumar”, de acordo com a equipa multinacional autora do estudo, publicado no jornal Molecular Psychiatry, da revista Nature.

Os investigadores advertiram que “embora a recuperação parcial pareça possível, pode ser um processo longo”.

Outros estudos têm relacionado o fumo de cigarros com o declínio cognitivo e demência e alguns referem uma degeneração cerebral.

“As evidências sugerem que os fumadores têm, em média, um funcionamento cognitivo global um pouco mais pobre numa idade avançada, assim como têm menores médias em vários domínios cognitivos, como a flexibilidade cognitiva e memória”.

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No entanto, nunca havia sido demonstrado se os efeitos poderiam reversíveis.

Neste novo estudo, o grupo de investigadores utilizaram pessoas que participaram numa pesquisa que utilizou crianças escocesas em idade escolar, em 1947, quando as suas funções cognitivas foram testadas.

Os participantes sobreviventes foram submetidos a ressonância magnética (MRI), feita em 2007, e os resultados de 504 deles foram analisados.

Havia 36 fumadores, 223 ex-fumadores e 245 que nunca fumaram no grupo, tendo os participantes em média 73 anos, segundo o estudo.

Não houve diferenças significantes entre o QI (coeficiente de inteligência) na infância e na velhice, tendo sido o grupo dividido, quase igualmente, apenas entre homens e mulheres.

As análises das ressonâncias mostraram que os fumadores recorrentes “tinham um córtex mais fino do que os que nunca tinham fumado”, referiu ainda o estudo.

O estudo referiu que aqueles que deixaram de fumar podem apresentar uma desaceleração, para um ritmo mais lento, do afinamento do córtex, passando a um afinamento normal característico em idades mais avançadas.