Todas as empresas que enfrentem uma investigação judicial no âmbito da operação ‘Lava-Jato’, que investiga as acusações de corrupção na petrolífera brasileira Petrobras, arriscam uma descida do ‘rating’, avisou a agência de notação financeira Moody’s.

“Para além das eventuais multas pecuniárias, a investigação ameaça prejudicar a reputação das empresas, enfraquecer a confiança dos investidores e reduzir o seu acesso a financiamento das entidades públicas, dos mercados de capitais privados, dos bancos de desenvolvimento e das agências de financiamento multilateral”, argumenta a agência Moody’s.

O aviso surge na sequência da abertura, na semana passada, de uma investigação oficial por parte do Procuradoria-Geral da República do Brasil, a mais dez empresas ligadas à Petrobras, entre as quais estão as duas maiores empresas da América Latina de construção e engenharia, as construtoras Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez, a que se somam outras oito que já estavam a ser investigadas no âmbito do escândalo conhecido como ‘Lava-Jato’.

A investigação das autoridades, que já dura há um ano, incide sobre os negócios feitos entre empresários e responsáveis da Petrobras, que influenciavam os preços e depois dividiam os lucros com os diretores da empresa do Estado, distribuindo também dinheiro a políticos de forma dissimulada.

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A Moody’s acrescenta que, caso as investigações mostrem que as acusações são verdadeiras, “as penalizações podem passar por uma suspensão de vários anos da possibilidade de ir a concursos públicos no Brasil, o que causaria uma significativa contração de um setor que representa 25 a 30% do negócio” da Andrade Gutierrez.

No caso da Odebrecht Oleo e Gas (OOG), o panorama também é negativo porque o simples facto de estar sob investigação impede a empresa de celebrar novos contratos com a Petrobras, que é “o mais importante ‘player’ no setor do petróleo e gás, e a maior fonte de rendimento para as empresas ligadas a esta área”, nomeadamente as que providenciam apoio logístico, incluindo navios petroleiros e de armazenamento.

O relatório e contas de 2013, lembra a Moody’s, mostra que 82% de toda a frota da OOG estava alocada à Petrobras, o que revela que apesar da vontade da empresa em diversificar os seus clientes, “continua fortemente dependente da Petrobras”.

Nos últimos dias têm-se sucedido os comentários de analistas e agentes do mercado que mostram a importância da Petrobras não só para o mercado de capitais brasileiro, mas também por a empresa ser vista como um ‘cartão de visita’ do Brasil, o que poderá afastar investidores e tem, na prática, impossibilitado desde o ano passado o acesso ao mercado financeiro pelas outras empresas do país.