De invasões a comícios, a confrontos com a polícia. O Dia do Trabalhador não foi vivido da mesma fora em todo o lado. Na Turquia e na Coreia do Sul há mesmo registo de feridos.

Os ânimos aqueceram em Istambul, na Turquia. De manhã, pelo menos 150 pessoas tinham sido detidas no centro de Istambul por 20.000 polícias, que controlavam um raio de três quilómetros em torno da simbólica praça Taksim para evitar que se celebrasse naquele local o Dia do Trabalhador. A imprensa turca noticiou que pelo menos 30 membros do Partido Comunista foram detidos pela polícia. Os meios locais informaram ainda que a polícia estava a deter aleatoriamente pessoas que usavam máscaras de gás, e que havia agentes vestidos à paisana, escreveu o jornal turco Hurriyet.

O gabinete do governador de Istambul decretou num comunicado que não seria permitida qualquer celebração na praça Taksim e que quem desejasse celebrar o Dia do Trabalhador deveria fazê-lo em qualquer uma das oito zonas da capital expressamente habilitadas para aquele tipo de manifestações. As celebrações do 1.º de Maio tiveram lugar na praça de Taksim durante décadas, mas esta ficou carregada de significado depois do denominado ‘Massacre de 1.º de Maio’ ou ‘Domingo Sangrento de 1977′, quando 34 pessoas foram assassinadas e 120 ficaram feridas num atentado contra os manifestantes.

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Na Coreia do Sul, milhares de manifestantes saíram à rua para protestar contra a reforma laboral que o governo conservador quer implementar. De acordo com a AFP, os trabalhadores entraram em confronto com a polícia de choque, que ergueu barricadas para impedir que 10.000 pessoas marchassem até ao local onde estava o presidente Park Geun-Hye, na capital, Seul. As autoridades dispararam canhões de água que continham um irritante químico, mas não há informação sobre feridos. Ficou também a ameaça de convocar uma greve geral caso o governo avance com a reforma.

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Na Grécia, o ministro das finanças Yanis Varoufakis apareceu sorridente e sem escolta no meio da manifestação principal no centro de Atenas, na qual participaram homens e mulheres de todas as idades. O ministro da Energia, Panayotis Lafazanis, desfilou com os sindicatos no principio da manifestação. Noutro local da cidade de Atenas, de acordo com a imprensa internacional, registaram-se pequenos confrontos no final das marchas pacíficas, quando um grupo de encapuçados atirou um ‘cocktail molotov’ contra a polícia de choque. Não há registo de feridos, nem de detidos.

Labour Day in Athens

Varoufakis participou nas manifestações, sem escolta policial. ©ALEXANDROS VLACHOS/EPA

Alemanha: na capital alemã, Berlim, um polícia ficou ferido, depois de manifestantes de extrema-esquerda terem atingido as autoridades com pedras e fogo-de-artifício. De acordo com a AFP, na cidade de Weimar há a registar 15 feridos e 29 detidos, depois de um grupo de extrema-direita ter atacado um evento sindical.

O mais inusitado aconteceu em França, no comício da Frente Nacional. O partido de extrema-direita celebra o 1.º de Maio, não por ser o Dia do Trabalhador, mas para homenagear Joana D’Arc. Para começar, Jean-Marie Le Pen apareceu sem dirigir a palavra à filha, na sequência do processo disciplinar instaurado pelo partido. Mas o ponto alto do evento aconteceu quando feministas antifascistas do Femen conseguiram invadir uma varanda de um hotel junto ao palco onde Marine Le Pen estava a discursar. As mulheres estavam nuas, com inscrições nos corpos e fizeram a saudação nazi como forma de crítica ao partido, mas foram rapidamente afastadas.