O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reuniu-se este domingo de manhã com a chanceler alemã, Angela Merkel, na localidade bávara de Krün, na Alemanha, antecipando a cimeira de chefes de Estado e de Governo do G7. Os dois líderes puseram de lado os problemas recentes, relacionados com espionagem, para se mostrarem aliados – “companheiros e amigos”, disseram – e relembrarem que os dois países têm uma história em comum.
“Apesar das nossas diferenças de opinião, os Estados Unidos são nossos amigos, nossos aliados, um aliado essencial com que cooperemos estreitamente em interesse mútuo”, sublinhou Angela Merkel. “Apresentamo-nos como aliados inseparáveis em todo o mundo”, confirmou Obama, citado pela agência noticiosa alemã DPA.
Os Estados Unidos foi um dos países que contribuiu para a reunificação da Alemanha há 25 anos. E ao falar para um plateia de habitantes com trajes tradicionais bávaros, Obama frisou que a unificação da Alemanha “inspirou o mundo”. “O facto de estarmos aqui reunidos é a prova de que os conflitos podem ter um fim e é possível alcançar grandes progressos.”
No discurso o Presidente norte-americano apresentou os objetivos da cimeira que terá lugar no castelo de Elmau, perto de Krün, e que juntará líderes dos sete países mais industrializados do mundo – Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.
“Durante os próximos dias vamos falar do nosso futuro em comum. Uma economia global que crie empregos e oportunidades, manter uma União Europeia forte e próspera, criar novas parcerias comerciais do outro lado do Atlântico, fazer frente à agressão da Rússia na Ucrânia, combater ameaças, do extremismo violento às alterações climáticas.”
Outros pontos de discussão serão a situação na Grécia, a luta contra as epidemias e o combate aos terroristas do Estado Islâmico.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, também declarou este domingo, uma conferência de imprensa antes da cimeira, que os países do G7 têm de estar “unidos” para “reconfirmar” as sanções contra a Rússia devido ao seu envolvimento no conflito na Ucrânia. “Isto não é radicalismo. Creio que a Rússia é um parceiro, não é um inimigo e nem um problema europeu.” A Rússia foi excluída do grupo G8 devido ao conflito que se arrasta no país vizinho.
Reforçando a boa disposição e os laços entre Estados Unidos e Alemanha, o Presidente Obama iniciou o discurso com uma expressão típica naquela região: “Grüss Gott!” (“Que Deus vos saúde”). Em tom de brincadeira, lamentou ter esquecido as suas calças de couro, parte essencial do traje bávaro.
O Presidente norte-americano disse que ao saber que a cimeira do G7 seria na Baviera pensou que aconteceria durante a Oktoberfest, uma famosa festa da cerveja de Munique, pois “nunca é um mau momento para uma cerveja e uma salsicha.” E a cada nova piada soltava risos e aplausos entre os presentes.
Aproveitando o dia soalheiro, Obama aproveitou para mais uma vez usar o bom humor. “Devíamos ter todas as reuniões da cimeira nesta localidade incrível e a beber cerveja. Mas acho que vamos ter de negociar isto com o pessoal da segurança.”
A polícia alemã criou um forte dispositivo de segurança que inclui mais de 22.000 polícias, a introdução de barreiras de controlo nas estradas e o encerramento do espaço aéreo num raio de até uma centena de quilómetros à volta do castelo de Elmau, na Baviera, sudeste da Alemanha.
“O Reino Unido está de volta”
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, chegou à cimeira na Alemanha com uma mensagem: “O Reino Unido está de volta”, referiu a agência noticiosa PA. Depois da recente reeleição, Cameron deseja mostrar que o Reino Unido está interessado no progresso, tanto na conclusão Tratado Transatlântico, como nas questões de segurança – Ucrânia, Estado Islâmico, epidemias e o problema dos imigrantes no Mediterrâneo.
Poucos momentos antes do navio HMS Bulwark, da Marinha britânica, ter resgatado mais imigrantes vindos da Líbia, o primeiro-ministro britânico garantiu que estavam a tomar medidas em relação ao problema não só porque “são um país com consciência”, mas porque este fluxo de imigração lhes poderá trazer problemas futuros tanto com os imigrantes no país como com questões de saúde pública.
“A minha mensagem é muito clara – o Reino Unido está de volta. Temos uma economia em crescimento, temos o défice a descer, estamos a criar empregos a um nível recorde”, disse Cameron, citado pela PA. “E o Reino Unido não quer só ser uma economia forte. Queremos estar envolvidos com temas de segurança internacional, seja por um Iraque e Síria mais seguros, seja no combate ao ébola na África ocidental, seja a lidar com a crise no Mediterrâneo.”
O primeiro-ministro britânico concorda que se mantenham as pressões sobre Moscovo até que se encontre a paz na Ucrânia. Além disso, reforça a necessidade de combate ao Estado Islâmico no Iraque e Síria, sem esquecer que é preciso encontrar uma solução para a estabilidade na Líbia.
Mas um dos pontos que Cameron não quer mesmo deixar passar é o acordo de comércio livre entre a Europa e Estados Unidos (Transatlantic Trade and Investment Partnership) que devia estar concluído até ao final de 2015. As negociações já duram há mais de 700 dias, disse o primeiro-ministro, reforçando que cada dia que passa custa ao mundo 630 milhões de libras (cerca de 866 milhões de euros) em taxas desnecessárias.