O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, desloca-se hoje a Cuba, tornando-se no primeiro chefe da diplomacia norte-americana a visitar a ilha caribenha em 70 anos, desde 1945.

Em Havana, Kerry vai presidir à cerimónia do hastear da bandeira da embaixada dos Estados Unidos na capital cubana, depois de mais de cinco décadas de corte de relações, e terá um encontro com o seu homólogo cubano, Bruno Rodriguez, e com dissidentes.

A abertura da representação diplomática norte-americana em Havana e a visita de Kerry são momentos de grande simbolismo de um processo histórico de aproximação, iniciado em dezembro de 2014.

Após vários meses de rondas negociais, os líderes norte-americano e cubano, Barack Obama e Raul Castro, respetivamente, anunciaram a 01 de julho deste ano o restabelecimento das relações diplomáticas entre Washington e Havana, suspensas desde 1961, e a abertura de embaixadas nas capitais de cada país.

Na cerimónia que hoje formalizará a passagem da secção de interesses dos Estados Unidos em Havana para o estatuto de embaixada, vão estar também os três ‘marines’ (fuzileiros) norte-americanos que arriaram a bandeira dos Estados Unidos em Havana em 1961.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na véspera da visita de menos de 24 horas a Cuba, John Kerry afirmou, em declarações à comunicação social norte-americana em língua espanhola, que irá abordar com Bruno Rodriguez um plano que permita uma “verdadeira e plena” normalização das relações entre os dois países.

“Vamos falar diretamente sobre uma espécie de plano geral para uma normalização verdadeira e plena”, referiu o secretário de Estado norte-americano, numa entrevista ao diário Miami Herald e ao serviço em espanhol do canal de televisão CNN.

Kerry confirmou também que a dissidência cubana não foi convidada para a cerimónia na embaixada, mas que irá reunir-se posteriormente com alguns elementos.

A par da questão dos Direitos Humanos, que estará no topo da agenda do encontro com Rodriguez, o secretário de Estado norte-americano indicou que vai abordar outros temas, como o embargo comercial (em vigor desde 1962) e as eleições na ilha.

A reunião “vai incluir o levantamento do embargo, algo que apoiamos, mas também vai incluir a necessidade de Cuba tomar medidas sobre vários temas que realmente fazem a diferença, [como] a possibilidade do povo [cubano] participar num processo democrático”, acrescentou.

Na véspera da visita do alto representante norte-americano, Fidel Castro, o eterno líder cubano, escreveu num artigo que Washington devia pagar a Havana indemnizações milionárias para compensar os danos provocados pela política norte-americana.

“Atribuam a Cuba as indemnizações equivalentes a danos, que ascendem a muitos milhões de dólares como denunciou o nosso país com argumentos e dados irrefutáveis ao longo das nossas intervenções nas Nações Unidas”, disse o líder da Revolução cubana, que celebrou na quinta-feira 89 anos.

No texto, publicado pelos ‘media’ oficiais cubanos, Fidel Castro afirmou ainda que Cuba nunca irá deixar de “lutar pela paz e pelo bem-estar de todos os seres humanos”, independentemente da sua cor de pele ou país de origem.