Os mosquitos que transmitem malária na região de Manhiça, em Moçambique, mostraram-se extremamente resistentes ao principal tipo de inseticidas usados na região, conforme revelou um estudo publicado este mês na revista científica Malaria Journal. “Isso poderia prejudicar gravemente o controlo de vetores neste distrito se não forem tomadas contramedidas adequadas”, concluem os autores do artigo.

A malária é causada pelo parasita Plasmodium, que ataca o fígado e os glóbulos vermelhos. Febre, dores de cabeça e vómitos são os sintomas mais frequentes e aparecem ao fim de 10 a 15 dias, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mas quando não é tratada, a doença pode tornar-se mortal. O parasita é transmitido pela picada de mosquitos infetados, por isso as principais formas de prevenção são o uso de inseticidas em spray ou de redes mosquiteiras com inseticida.

O estudo coordenado pelo Instituto de Saúde de Global de Barcelona, em Espanha, em conjunto com o Centro de Investigação em Saúde de Manhiça, em Moçambique, demonstrou que apenas 5 a 20% dos mosquitos Anopheles funestus – dominantes na região estudada (distrito de Manhiça) – morriam ao fim de uma hora de exposição à dose de piretróides recomendada pela OMS, referiu o El País. Para conseguir matar 50% dos mosquitos, os investigadores tiveram de os pôr sobre uma rede mosquiteira com inseticida durante seis horas – mas numa situação normal os mosquitos nunca ficam tanto tempo parados sobre a rede.

Segundo o jornal El País, cada habitante de Manhiça (em 1998-1999) era picado por mais de 1.200 mosquitos. Destas picadelas, pelo menos 15 transmitiam o parasita da malária. Todos os anos, cerca de 3,2 milhões de pessoas estão em risco de desenvolver malária, segundo a OMS. A organização estima que existam entre 124 e 283 milhões de casos por ano e que morram entre 367 a 755 mil pessoas anualmente. A OMS indica que as redes mosquiteiras e os inseticidas são a forma mais eficaz de prevenção da infeção, por isso é necessário monitorizar a resistência dos mosquitos a estes químicos e, se necessário, encontrar medidas alternativas.

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