A escultura de madeira do Arcanjo São Miguel, que foi derrubada no domingo por um visitante do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), pode ser recuperada, informou a Direção-Geral do Património Cultural e o MNAA em comunicado. Para tal, terá de ser constituída “equipa multidisciplinar para proceder à correta intervenção sobre o objeto”.

No domingo, um especialista em conservação e restauro que conhece o MNAA, que pediu para não ser identificado, já tinha explicado ao Observador que a recuperação do Arcanjo deveria começar por um estudo de uma equipa multidisciplinar de marceneiros, conservadores de escultura, entalhadores, químicos e outros especialistas.

A queda da peça, que estava exposta na Galeria de Pintura e Escultura Portuguesas, no Piso 3 do edifício, foi provocada por um visitante que estava de costas a fotografar uma outra obra. “A escultura encontrava-se fixada a um plinto, protegido em todo o perímetro por um estrado”, explica o comunicado. “Após o impacto, os elementos de fixação mantiveram-se presos ao plinto”, o que não impediu que a escultura se partisse em várias zonas.

Em consequência do acidente, soltaram-se as asas do Arcanjo e as plumas de remate do capacete militar (elementos originais aplicados à figura por encaixe). Na análise física e macroscópica registam-se fraturas, ruturas, descolamentos e perdas pontuais da camada de acabamento policromo, nomeadamente na asa esquerda, plumas, braço direito, dedo indicador direito, parte traseira e ponta do manto.”

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Apesar disso, o especialista contactado pelo Observador garantiu que os danos podiam ter sido muito maiores se a peça não fosse em madeira. “A madeira absorveu o choque, o que não aconteceria com a porcelana ou outros materiais mais delicados”, explicou.

De acordo com a Direção-Geral do Património Cultural, este é o primeiro incidente registado em Portugal com uma obra de arte dentro de um museu público.

A escultura do Arcanjo São Miguel foi executada em Lisboa entre 1765 e 1790, em madeira de zimbro. Entrou para o espólio do MNAA em 1922, vinda do Recolhimento de São Patrício e proveniente do Real Colégio de São Patrício, de clérigos irlandeses.