Barcelona, Milan, Arsenal e Sporting. Como? É isso mesmo, começa o Barcelona de Rinus Michels, segundo classificado da Liga espanhola 1972-73, a dois pontos do Atlético Madrid. No campo, Johan I e Johan II. Quem? Neeskens e Cruijff. Os dois holandeses entendem-se de olhos fechados. Vai daí, Johan I e Johan II. É uma época vibrante em Camp Nou, onde Neeskens fabrica e Cruijff marca. A mesma dinâmica no Milan campeão italiano invicto em 1991-92, com os holandeses Van Basten e Gullit. Juntos, marcam em cinco jogos, quatro da Serie A (Parma, Cremonese, Verona e Foggia) e um na Taça de Itália (Brescia). No século XXI, o Arsenal de Wenger também sabe combinar em holandês, entre o assistente Overmars e o goleador Bergkamp.

A palavra chave do parágrafo anterior é holandeses e o Sporting tira daí proveito. Primeiro com a dupla Schaars-Wolfswinkel há cinco anos, depois com o mais-que-recente um a zero no Bonfim, por obra e graça de um cruzamento de Zeegelaar para o cabeceamento de Bas Dost. O centro do lateral é já em esforço, o movimento do avançado é determinado. Pim pam pum, os dois holandeses fazem a jogada da vitória e da qualificação para os ¼ final da Taça de Portugal. Num abrir e fechar de olhos, o Sporting respira de alívio e afasta a crise de duas derrotas seguidas (Légia e Benfica) numa noite emocionante.

A primeira parte é um regalo para quem gosta de bola. O Vitória oferece resistência, dá luta e obriga Patrício a duas defesas “sim senhor” aos remates de Edinho (14′) e Gauld (31′). Pelo meio, o Sporting acelera por Gelson e ganha um penálti indiscutível, por falta de Vasco Fernandes sobre Bas Dost. Chamado a bater, Adrien atira. E então? Trigueira adivinha o lado da bola e empurra-a para o poste. Na recarga, com a baliza à sua mercê, o mesmo Adrien remata. E então? Trigueira voa para a defesa da sua vida, parte 1. Ai sim? Exacto, aos 27′, Trigueira recebe 9.9 de nota artística num salto magnífico a um outro remate de Adrien, este mais em jeito do que em força.

O penálti falhado anima o Vitória e condiciona o Sporting. Pelo menos, até ao intervalo. É o terceiro 0-0 do Sporting em 2016-17 e nem uma vitória nos outros dois (2-1 no Bernabéu, 0-0 na Choupana com um penálti falhado por William). Tu queres ver? A segunda parte é toda do Sporting em matéria de objectividade, passes certos, remates à baliza e oportunidades. Só falta acrescentar golos. Aos 75 minutos, o costa-riquenho Campbell (a única novidade de Jesus no 11 em relação ao 2-1 na Luz, no lugar do compatriota Bryan) descobre Zeegelaar na esquerda e o resto é história. De Bas Dost, o homem com jeito para marcar fora de Alvalade nos últimos três golos (Bessa, Luz e Bonfim).

Com 1-0, o Sporting segura a vantagem sem sobressaltos até porque o Vitória já não tem a pedalada da primeira parte e nem incomoda Patrício – só um remate por alto, do suplente Nenê, aos 83′, é digno de registo. O Sporting vence pela quarta vez em 11 jogos fora de Alvalade em 2016-17 e ganha um novo fôlego para o regresso a casa depois de Varsóvia, Luz e Bonfim. À sua espera, o Braga de Peseiro, surpreendentemente eliminado em casa pelo Covilhã à hora do Vitória-Sporting. O campeão está fora. Quem o sucede? O Sporting está para as curvas, tal como Benfica, Estoril, Académica, Covilhã, Leixões mais Chaves (só falta definir o oitavo concorrente, entre Vitória SC-Vilafranquense, amanhã a partir das 18h00).

Estádio do Bonfim, em Setúbal
Árbitro: Nuno Almeida
VITÓRIA FC: Trigueira; André Geraldes, Fábio Cardoso, Vasco Fernandes e Nuno Pinto; Agu, Costinha e Gauld (Nenê, 72′); João Amaral (Thiago Santana, 82′), Edinho e Nuno Santos (André Claro, 82′)
Treinador: José Couceiro (português)
SPORTING: Rui Patrício; João Pereira, Coates, Rúben Semedo e Marvin Zeegelaar; Gelson, William, Adrien e Bruno César (Bryan, 71′); Campbell (Elias, 89′) e Bas Dost (Castaignos, 90′)
Treinador: Jorge Jesus (português)
Marcador: 0-1, Bas Dost (75′)
Nota: Trigueira defende penálti + recarga de Adrien (21′)

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