As coisas não se vão resolver tão cedo para Deniz Yucel, o primeiro jornalista europeu a ser preso depois da tentativa falhada de Golpe de Estado na Turquia. Apesar de ter dupla nacionalidade turca e alemã, o repórter do jornal alemão Die Welt nasceu na Alemanha e a luta pela sua libertação chegou às orlas mais altas de ambos os governos.

Na passada sexta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão Sigmar Gabriel, questionou o Presidente turco Tayyip Erdogan sobre se a Turquia estaria em condições de assegurar um julgamento independente do jornalista se o próprio Erdogan já o tinha rotulado de “espião”, antes mesmo do caso chegar a tribunal. “Se a Turquia é de facto um Estado de Direito como diz o presidente Erdogan, então eu pergunto-me como é que ele já pode dizer, antes do início do julgamento, que Deniz Yucel é um terrorista ou um espião,” disse Gabriel à revista Der Spiegel.

Este domingo, e depois de um tribunal turco ter negado um pedido da defesa para a libertação do jornalista, o Presidente Erdogan voltou a acusar Yucel de compactuar com terroristas rematando com: “Graças a Deus que ele foi preso”. É mais uma acha para a fogueira diplomática entre a Alemanha e a Turquia, que começou há cerca de duas semanas, quando ministros turcos viram negada a autorização de promoverem, junto das populaçãos imigrantes turcas na Alemanha, o “Sim” ao referendo à revisão constitucional proposta por Erdogan. Algumas vozes críticas do presidente consideram que o reforço dos seus poderes poderá afastar mais a Turquia da Europa e do legado como um estado laico.

A Der Spiegel avançou na edição de sábado que o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim teria prometido a Angela Merkel, chanceler alemã, que Yucel teria direito a um telefonema com representantes consulares mas Ancara nunca terá cumprido a promessa. “Seria uma desilusão não pudermos mais confiar na palavra do primeiro-ministro turco”.

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