O suspeito do atropelamento de um adepto italiano, Luís Pina de 36 anos, na madrugada de sábado passado, que se entregou às autoridades , vai ficar detido. Será indiciado pelo crime de homicídio simples. e será ouvido na sexta-feira, a partir das 14 horas, em primeiro interrogatório judicial, por um juiz de instrução criminal.
Carlos Melo Alves, advogado do suspeito, falou com os jornalistas à saída das instalações da Polícia Judiciária e explicou o que levou Luís Pina a demorar a entregar-se. “Decidiu esperar até hoje porque se se entregasse logo no sábado, com esta polémica, podia haver problemas”, diz o advogado citado pelo O Jogo, acrescentando que “não foi estratégia. Ele não estava em fuga. Não tinha mandado de detenção, logo entendo que não estava em fuga.”
O homem, que se pôs em fuga depois de atropelar Marco Ficini, de 41 anos, nas imediações do estádio da Luz, na madrugada do último sábado, entregou-se nas instalações da Polícia Judiciária em Lisboa na tarde desta quinta-feira.
Carlos Alves defende que foi um acidente. “O meu cliente não matou ninguém”, disse à porta da PJ, “é agora suspeito de um crime de homicídio, mas vai explicar tudo amanhã. A estratégia é dizer a verdade. Foi um acidente. Não tenho dúvidas do que aconteceu”, conclui o advogado, que acrescentou: [o suspeito] “contou-me que vinha embora do estádio quando foi obrigado a parar, porque adeptos da Juve Leo lhe atingiam o carro com pontapés e barras de ferro. A viatura ficou toda amolgada”.
Segundo a SIC, o suspeito pertence à claque benfiquista dos “No Name Boys”. De acordo com o Correio da Manhã, o homem, com cerca de 30 anos, dirigiu-se às instalações da PJ acompanhado pelo advogado Melo Alves no início da tarde. Segundo a SIC Notícias, o homem já era esperado pelas autoridades.
O suspeito, cuja identidade ainda não foi revelada, deverá ser indiciado pelo crime de homicídio qualificado. O suspeito já tinha cadastro e terá sido defendido pelo advogado Melo Alves noutros processos anteriores.
Conflito que levou à morte de adepto do Sporting terá sido marcado por SMS
A 22 de abril, Marco Ficini, de 41 anos, juntou-se a outros elementos da claque 7Bello (ou Settebello) e rumou a Lisboa para o dérbi entre Sporting e Benfica. Uma prática que é comum há muitos anos entre elementos dos dois clubes. A ligação existe há precisamente duas décadas, como contava aqui o Observador.
Na véspera do jogo, Ficini aproveitou a chegada a Lisboa para estar com alguns amigos do Sporting, ligados às claques do clube. Nunca assistiria ao empate a uma bola entre Sporting e Benfica: no seguimento de confrontos entre adeptos dos dois clubes rivais junto à rotunda do estádio da Luz, acabou por ser vítima de um atropelamento mortal.
Na terça-feira, a Polícia Judiciária apreendeu o automóvel que terá sido utilizado para atropelar o adepto italiano. O carro, um Renault Clio, foi recuperado na zona dos Moinhos da Funcheira, na Amadora — tinha sido identificado através do sistema de videovigilância do Estádio da Luz. O carro não será do suspeito, mas sim da companheira.
A Procuradoria-Geral da República já anunciou a abertura de um inquérito que corre termos no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.
Sporting-Benfica. Veio para o dérbi, foi jantar e morreu atropelado