O Centro Europeu de Investigação (ERC, na sigla em inglês) distribuiu 250 milhões de euros por 27 grupos de investigação espalhados por toda a Europa. A regra para estas bolsas ERC Synergy é que os projetos têm de ter dois a quatro investigadores de instituições diferentes. Edgar Gomes, investigador no Instituto de Medicina Molecular, em consórcio com dois investigadores do Reino Unido, conseguiu um financiamento de 10 milhões de euros para estudar desenvolvimento, estrutura e fisiologia do músculo.

Microscopia crioeletrónica

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Esta tecnologia distinguiu Jacques Dubochet, investigador na Universidade de Lausanne (Suíça), Joachim Frank, investigador da Universidade Columbia (Nova Iorque) e Richard Henderson, investigador do Laboratório de Biologia Molecular do Conselho de Investigação Médica (Cambridge, Reino Unido), com o prémio Nobel da Química 2017.

Com estas bolsas, pretende-se que o trabalho entre as diferentes equipas, que têm conhecimentos e competências complementares, tenha abordagens inovadores e ultrapasse os limites do conhecimento. Edgar Gomes vai trabalhar com Michael Way, investigador no Instituto Francis Crick, e com Carolyn Moores, investigadora no Birkbeck College, na Universidade de Londres. No passado, Gomes e Way já tinham trabalhado juntos e feito descobertas importantes sobre o músculo esquelético. Agora, contam com a colaboração de Moores, especialista em microscopia crioelectrónica — uma tecnologia que permite observar a estrutura de moléculas biológicas grandes em três dimensões.

“Vamos combinar esta tecnologia com a capacidade do meu laboratório de visualizar a formação de músculo in vitro para assim conseguirmos determinar estruturas que nunca foram visualizadas durante a formação de músculo esquelético”, disse Edgar Gomes ao Observador.

As células musculares têm formas e estruturas diferentes e são suficientemente maleáveis para mudarem de forma consoante as suas funções. Tendo este fator em consideração, o consórcio quer perceber como é que as células regulam a sua forma e a estrutura. Num projeto anterior, Edgar Gomes e Michael Way já tinham percebido que o complexo proteico Arp 2/3 tinha duas funções específicas e independentes no músculo esquelético. Agora, querem perceber como é que o complexo proteico regula esse processo.

Para o investigador português, perceber porque é que as células são tão dinâmicas e como controlam esse dinamismo pode ajudar a desenvolver futuras terapias para problemas de saúde que estejam relacionados com uma forma e estrutura anormal das células musculares.

O projeto de Edgar Gomes é apenas um dos 27 financiados. Este consórcio reúne três dos 88 investigadores que vão beneficiar da bolsa e dois dos 17 países com investigadores selecionados para este financiamento. Este é o terceiro ano que a ERC atribuiu este tipo de bolsas (os dois primeiros foram em 2012 e 2013). No próximo ano a instituição espera poder vir a atribuir 400 milhões de euros nas ERC Synergy.

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