Em 1939, com apenas 16 anos, Stewart Adams decidiu desistir dos estudos para ajudar a família. Passadas três décadas, em 1959, o químico foi o responsável pela criação do Ibuprofeno. Adams morreu no passado dia 30 de janeiro, aos 95 anos.

De acordo com o El País, Stewart Adams conseguiu o seu primeiro emprego graças a um amigo de família como aprendiz na Boots, uma cadeia de farmácias. Apesar de não se prever futuro no mundo farmacêutico a quem tinha abandonado os estudos, Stewart acabou por encontrar a sua vocação e, quase com 30 anos, doutorou-se em Farmácia. Em 1953 iniciou a missão de encontrar uma alternativa mais poderosa à aspirina e, em 1969, acabou por criar o Ibuprofeno. Hoje é vendida uma caixa do medicamento a cada 2,92 segundos.

A viagem pela criação do medicamento não foi das tarefas mais fáceis. O Ibuprofeno começou num composto, originalmente concebido para servir de herbicida e particularmente eficaz no tratamento de irritações na pela das cobaias. No total, Adams e a sua equipa estudaram 1500 compostos químicos em animais e apenas 5 foram testados em humanos.

Depois de três tentativas infrutíferas, Stewart Adams ainda teve que lidar com uma quarta desilusão. Em 1966 foi colocado à venda o ibufenac, um dos compostos testados em humanos. Uns anos mais tarde e depois de serem detetados danos nos fígados de quem o tomava com frequência, o ibufenac foi retirado do mercado.

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Na história do Ibuprofeno, à quinta “foi de vez” e  Stewart Adams foi o primeiro a testar o medicamento. “Sempre senti que era importante tomar a primeira dose antes de pedir a outros que o fizessem. Já tinha tomado alguns dos medicamentos antes, mas nunca sem terem sido testados em ratos, durante 30 dias!”, confessou em entrevista à revista Trends in Pharmacological Sciences, em 2012. Em 1969, as autoridades britânicas aprovaram o medicamento.

O medicamento é utilizado para combater qualquer dor leve, cáries dentárias, dores menstruais e até ressacas, segundo comprovou o próprio Adams. “Estava a celebrar com alguns colegas numa conferência europeia e estava incumbido de discursar na manhã seguinte. Tive uma ressaca e tomei 600 miligramas de Ibuprofeno”, começou por contar ao Telegraph, numa entrevista em 2007. “Agora é engraçado, mas com o passar dos anos muitas pessoas disseram-me que o Ibuprofeno resulta com elas — e se eu sabia que resultava tão bem com ressacas? Claro, tenho que admitir que sabia”, admitiu.

Atualmente, de acordo com dados disponibilizados pelo El País, as vendas anuais do medicamento inventado por um jovem que abandonou os estudos, ultrapassam os 2 mil milhões e meio de euros. Stewart Adams foi nomeado oficial da Ordem do Império Britânico, em 1987.