O Estado português emitiu, nesta quarta-feira, dívida pública com um prazo de oito anos remunerando os investidores com uma taxa de juro negativa. É a primeira vez que se verifica um financiamento com juros negativos num prazo tão longo, num reflexo do impacto que as políticas de estímulo do Banco Central Europeu estão a ter no mercado de dívida soberana – entre compras massivas de dívida no mercado secundário e a definição de taxas dos depósitos negativas (-0,5%, neste momento).

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) colocou no mercado 654 milhões de euros em obrigações do Tesouro numa linha que será reembolsada pelo Estado em outubro de 2028 – o preço a que os títulos foram comprados  pelos investidores tem implícita uma rendibilidade negativa de -0,085%. O organismo liderado por Cristina Casalinho também recorreu a uma linha com maturidade em 2037, financiando-se em mais 346 milhões e pagando uma uma taxa de juro (positiva) de 0,472%.

A importância de se manterem este tipo de custos de financiamento historicamente baixos foi sublinhada várias vezes, na apresentação do Orçamento do Estado, por parte do ministro das Finanças, João Leão, na terça-feira. Segundo o responsável, a trajetória descendente iniciada em 2015, muito à boleia das políticas do banco central, permitiu que o Estado suporte menos cerca de três mil milhões de euros em custos com pagamento de juros neste próximo ano de 2021.

Taxas negativas. Porquê emprestar a um país e perder dinheiro?

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