A Amnistia Internacional considerou esta quinta-feira “alarmantes” as condições de vida dos residentes dos lares de terceira idade da região de Madrid e da Catalunha, onde milhares de pessoas idosas morreram de Covid-19 nos últimos meses.

Esta organização não governamental (ONG) condenou severamente a situação num relatório, no qual denuncia uma situação em que “a grande maioria das pessoas de idade que vivem em lares de idosos em Madrid e na Catalunha não foram devidamente atendidas”.

A Amnistia Internacional afirma que as medidas postas em prática nas duas regiões foram “ineficazes e inadequadas” e não respeitam os direitos dos residentes, acrescentando que “a situação nos lares de idosos continua a ser inquietante durante esta segunda vaga”.

A Espanha é um dos países mais afetados pela pandemia de Covid-19, com mais de 1,6 milhões de casos e quase 46.000 mortes. A organização estima que quase metade destas mortes são de idosos que morreram em lares de terceira idade, indicando que um relatório do governo, a ser divulgado em breve, coloca o número “entre 50% e 47%” do total de óbitos.

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Entre 8 de março e 1 de maio último, 5.828 pessoas idosas morreram de Covid-19 em lares de idosos na região de Madrid, o que representa 43,46% dos óbitos na região, de acordo com a Amnistia. Na Catalunha, os 7.045 idosos que morreram devido à pandemia entre 1 de março e 15 de novembro são responsáveis por 46,9% das mortes na região durante este período, afirma a ONG.

Estes residentes de lares de idosos em Madrid e Catalunha “não foram levados para o hospital quando precisaram, ficaram isolados nos seus quartos, por vezes durante semanas, sem contacto com as suas famílias, e alguns nem sequer puderam morrer com dignidade” durante os primeiros meses da pandemia, acrescenta o relatório.

Os protocolos regionais que recomendavam o tratamento dos idosos nas suas casas em vez de serem enviados para o hospital “não foram alterados”, apesar de serem “discriminatórios”, continua a Amnistia.

A ONG lamenta que as visitas das famílias ainda não estejam asseguradas e que as autoridades não tenham aumentado o número de funcionários, citando medidas de austeridade e cortes orçamentais causados pela crise financeira de 2008. O diretor do escritório da Amnistia em Espanha, Esteban Beltran, disse que “uma crise sanitária não pode ser uma desculpa para não prestar os cuidados adequados aos idosos”.