Pedro Siza Vieira admitiu esta terça-feira que “a recuperação económica vai ser mais demorada” do que o esperado, mas sublinhou que a pandemia de Covid-19 é “uma oportunidade única para repensar a realidade industrial” da UE.
O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, que discursava na abertura da quarta edição dos Dias da Indústria da União Europeia (UE), lembrou que “a pandemia trouxe impactos profundos e muito assimétricos em diferentes países e setores económicos”.
A recuperação vai ser mais demorada do que desejávamos e do que prevíamos nos últimos meses”, afirmou Siza Vieira.
O ministro garantiu, contudo, que a presidência portuguesa do Conselho da UE está comprometida em “ajudar a combater a crise e apoiar a recuperação”, tendo por base três prioridades principais: “promover uma recuperação europeia através da dupla transição digital e ecológica, implementar o Pilar Social da UE, um elemento-chave para garantir a transição justa e inclusiva, e reforçar a autonomia estratégia da UE no mundo”.
De acordo com Siza Vieira, os 27 Estados-membros do bloco comunitário estão a “construir um consenso em torno da estratégia europeia da reindustrialização”, dado que, “nas últimas décadas, a liderança da indústria europeia tem sido desafiada” pelo “desenvolvimento de outras regiões mundiais e de novas tecnologias.
Por isso, “é necessário garantir uma autonomia estratégica europeia que mantenha esta liderança” no ecossistema industrial, defendeu.
No futuro, a indústria vai ter de se adaptar a um novo paradigma, enquanto mantém a sua liderança”, apontou o ministro, acrescentando que a reindustrialização deve ter em consideração a descarbonização e a eficiência energética.
Para Siza Vieira, é importante que a UE se concentre no desenvolvimento de tecnologias e de processos para a produção industrial, de modo a ser “produtora de tecnologia e não uma seguidora e compradora de tecnologias produzidas por outros”.
Segundo o ministro, a Comissão Europeia irá lançar, “nos próximos meses”, uma atualização da estratégia industrial europeia que deve ser discutida pelos 27.
Siza Vieira defende que esta atualização “deve refletir a importância do mercado único europeu, a coesão e as pequenas e médias empresas (PME), que são a ‘espinha dorsal’ da economia europeia”.
Sobre as PME, o político garante que serão “uma questão transversal essencial” da presidência portuguesa do Conselho da UE, dado que “nenhuma estratégia industrial europeia pode ter sucesso sem a participação das PME na transformação industrial”, defendeu.
“Apoiamos, por isso, a criação de alianças estratégicas industriais dado que podem contribuir de forma significativa para este processo de inovação e ajudar a integrar as PME nos ecossistemas industrial”, concluiu.
O ministro Siza Vieira discursou na quarta edição dos Dias da Indústrias, o principal evento anual da UE sobre a indústria, organizado pela Comissão Europeia.
Esta edição, que decorre pela primeira vez em formato digital devido à pandemia de Covid-19, incidirá sobre a aceleração da dupla transição ecológica e digital e as alterações do panorama competitivo global.