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Marcelo desconfina em maio com regresso das "presidências abertas" no Minho

Este artigo tem mais de 3 anos

Presidente confia no plano de desconfinamento e vai retomar "Portugal Próximo" em maio. Até lá recebe "mais de 20 economistas", gestores e sindicatos em audiências sobre o PRR que vão durar um mês.

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JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

Se a pandemia o permitir está para breve o regresso do Presidente dos afetos. Marcelo Rebelo de Sousa vai retomar as suas “presidências abertas” ao estilo de Mário Soares — a que chama de “Portugal Próximo” — já no próximo mês de maio, no Minho. Fonte próxima do Presidente explicou ao Observador que a opção por terras minhotas está relacionada com o facto de ser o território que o chefe de Estado “menos visitou” no primeiro mandato. Seguem-se outras zonas do território nacional, embora, alerta a mesma fonte, “as deslocações dentro do país dependam sempre do evoluir da pandemia”. A situação pandémica também irá ser decisiva para o Presidente concretizar o plano de visitar “um ou dois países dos PALOP” em maio. Até lá, a ação de Marcelo centra-se em três letras: PRR.

Ao planear o desconfinamento unipessoal já no próximo mês, Marcelo Rebelo de Sousa está a dar o seu voto de confiança ao plano de desconfinamento do Governo que, segundo tem dito, “espera-se que corra bem”. Enquanto não retoma as suas jornadas de proximidade de uma forma mais regular e intensa, o Presidente vai continuar a ir a “centros de dia” e outras deslocações mais pontuais, que incluem uma ida a Setúbal já no próximo fim-de-semana.

No âmbito do Portugal Próximo, durante o primeiro mandato, Marcelo já visitou zonas como o Baixo Alentejo, o Algarve, a Beira Interior, Trás-os Montes e os Açores (em duas jornadas). Agora, pretende visitar “todas aquelas zonas menos visitadas no primeiro mandato”.

Marcelo e Costa em tréguas até estarem juntos em Andorra

O Presidente da República não deverá arrastar o conflito com o primeiro-ministro durante muito mais tempo. Pelo menos do lado de Belém, não é altura de insistir numa guerra de palácios e os recados foram dados todos sábado, quando o Presidente não disfarçou o mal-estar com o primeiro-ministro. Já esta segunda-feira, ao lado do ministro da Educação, Marcelo não quis alimentar a polémica com o Governo, fugindo antes que chegassem essas perguntas. O ambiente entre Costa e Marcelo deverá ser de tréguas pelo menos até dia 21 e 22 de abril, altura em que o chefe de Estado e o chefe de Governo vão estar juntos em Andorra a representar o país na Cimeira Ibero-Americana. Apesar disso, a duração do cessar-fogo depende sempre da força dos ataques adversários.

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Voltando à agenda de desconfinamento, há algumas deslocações internacionais que, segundo fonte de Belém, estão “menos dependentes da evolução da pandemia”. Além da visita aos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), mais imprevisível, há deslocações que são neste momento mais certas. Em junho, é tempo do Presidente visitar a Eslovénia e a Bulgária, visitas que estavam marcadas para 2020, mas que a pandemia adiou.

A visita de Marcelo à Eslovénia tem particular importância pois acontece imediatamente antes de Portugal passar o testemunho da Presidência Portuguesa da UE àquele país. A visita terá sido combinada num telefonema no final de janeiro entre o Presidente português e o presidente esloveno,  Borut Pahor. Todas estas deslocações mais próximas vão culminar com as comemorações do 10 de junho que, como já foi noticiado, vão ocorrer na Madeira e junto da comunidade portuguesa na Bélgica — uma visita também relacionada com a Presidência da União Europeia.

“Mais de 20 economistas”, incluindo alguns “que estão no estrangeiro”

Ainda antes deste desconfinamento dos afetos, em maio, Marcelo vai gerir o processo de recuperação económica a partir do Palácio de Belém, com várias audiências sobre o Plano de Recuperação e de Resiliência (PRR). Já esta manhã, após uma visita a uma escola, o Presidente destacava que a gestão da bazuca europeia e dos fundos até 2027 é da responsabilidade do Governo, mas é um “esforço conjunto”, que também inclui o Presidente. Anunciou também que no dia 16 irá receber uma equipa do Governo em Belém, encabeçada pelo ministro do Planeamento, Nelson de Souza.

Marcelo pede “esforço nacional” em abril e avisa: fundos europeus devem ser usados a pensar no futuro

Já antes disso o Expresso tinha noticiado na sexta-feira que Marcelo iria iniciar um ciclo de audiências sobre o PRR que começaria pelo governador do Banco de Portugal. Após a visita, Marcelo Rebelo de Sousa emitiu uma nota em que se limitou a dizer que Mário Centeno o “inteirou dos mais recentes números e perspetivas para a economia portuguesa.”

Miguel Figueiredo Lopes/Presidência da República

O Presidente, segundo explicou ao Observador fonte de Belém, irá ouvir personalidades durante pelo menos um mês, que começam por “mais de 20 economistas”, que incluem “diretores de faculdade de economia e economistas que estão em Portugal, mas também no estrangeiro.

Além disso, Marcelo terá reuniões com “gestores empresariais e com responsáveis do mundo do trabalho, como dirigentes sindicais”. A Presidência só irá revelar “dia-a-dia” quem são as personalidades que se vão encontrar com o Presidente. Para já, revela apenas quem irá esta terça-feira ser ouvido em Belém: o “principal autor” do PRR, António Costa e Silva e os economistas Filipe Santos, da Universidade Católica, Daniel Traça, da Nova SBE, e Clara Raposo, do ISEG.

Apesar da crispação aparente entre Belém e São Bento, Marcelo não desiste de uma espécie de liderança bicéfala dos destinos do país. Depois de assumir — dentro do grande “umbrella” da estabilidade — que faz os possíveis para garantir a aprovação dos próximos orçamentos (mesmo que tenha de ir até ao limite da Constituição), o Presidente quer também supervisionar de perto a aplicação da chamada “bazuca”, termo que, aliás, não aprecia por considerar que dá aos fundos europeus uma dimensão que não têm.

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