O secretário-geral da ONU, António Guterres, e o seu antecessor, Ban Ki-moon, pediram à ASEAN que encontre uma solução para Myabnmar, durante uma videoconferência esta segunda-feira do Conselho de Segurança sobre as relações entre Nações Unidas e organizações regionais.

Exorto os líderes a decidirem sobre uma ação imediata e concertada na cimeira especial” sobre a Myanmar (antiga Birmânia), que decorre na Indonésia, no sábado, disse Ban Ki-moon.

O antigo secretário-geral da ONU revelou também que recentemente pediu à junta militar que tomou o poder em Myanmar para visitar o país e poder ter encontros com todas as partes, mas que o pedido tinha sido recusado pelos generais.

Peço sinceramente aos líderes da ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático] que se juntem às Nações Unidas para ajudar o povo e o país da Birmânia”, insistiu, lamentando que as divisões dentro da organização até agora tenham impedido uma resposta unida.

“O princípio da não interferência nos assuntos internos dos Estados soberanos não deve ser usado como pretexto para a inação”, disse Ban Ki-moon, pedindo também ao Conselho de Segurança, onde a China e a Rússia, em particular, se opõem a uma ação forte, “a agir decisivamente para evitar o pior em Myanmar e além“. “O papel da ASEAN é mais crucial do que nunca, já que a região enfrenta uma crise urgente em Myanmar”, disse também António Guterres.

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A situação requer uma forte resposta internacional baseada num esforço regional unificado” e por isso “exorto os atores regionais a usarem a sua influência para evitar uma deterioração adicional e, finalmente, encontrar uma solução pacífica para esta catástrofe”, acrescentou o secretário-geral da ONU.

A sessão do Conselho de Segurança foi organizada pelo novo presidente daquele órgão, o vietnamita Nguyen Xuan Phuc, na presença de Dato Erywan Pehin Yusof, ministro das Relações Exteriores de Brunei, o país que atualmente preside à ASEAN.

Vários líderes do Conselho de Segurança, como o Presidente estoniano Kersti Kaljulaid, também pediram à ASEAN, que tem um “papel crucial”, para agir para acabar com a repressão contra os civis em Myanmar.

Pelo menos 737 pessoas morreram durante a repressão policial e militar contra os protestos contra o golpe de Estado de 1 de fevereiro, de acordo com números corroborados pela Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos (AAPP), que adverte que o número real pode ser mais elevado. A associação também contou 3.229 pessoas detidas na sequência da revolta do exército, incluindo a líder deposta, Aung San Suu Kyi.