Já foram detetados em Portugal seis casos da variante indiana do coronavírus, a que atualmente causa mais preocupação entre a comunidade científica, anunciou esta terça-feira um dos conselheiros do Governo durante a reunião quinzenal dos especialistas que têm prestado aconselhamento científico às autoridades portuguesas no combate à pandemia.

A revelação foi feita pelo investigador João Paulo Gomes, do departamento de doenças infecciosas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), que nestas reuniões quinzenais tem apresentado informações sobre as variantes do coronavírus ativas em Portugal.

A variante indiana é, de entre as que causam mais preocupação aos cientistas, a mais recente a chegar ao território nacional. Com efeito, os slides apresentados esta manhã por João Paulo Gomes no auditório do Infarmed ainda só incluíam cinco casos da variante indiana — mas o especialista confirmou que, a caminho da reunião, recebera um telefonema de um dos membros da equipa envolvidos na sequenciação genética dos vírus confirmando a identificação de um novo caso. Os seis casos foram detetados na região de Lisboa e Vale do Tejo.

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À saída da reunião, a ministra da Saúde, Marta Temido, comentou o assunto, recordando o grande impacto que a variante britânica teve em Portugal depois do Natal e salientando que se continua a impor “uma gestão de fronteiras“. Sobre a variante indiana, Marta Temido explicou que os casos foram identificados tanto em pessoas de outras nacionalidades como em portugueses sem histórico recente de viagens — o que, de acordo com a ministra, “pode ser sinal de se estar a iniciar a transmissão comunitária“.

Esta nova variante, recentemente detetada na Índia, vem juntar-se ao conjunto de variantes que caracterizam a epidemia de Covid-19 atualmente em Portugal.

Segundo João Paulo Gomes, a variante britânica (detetada inicialmente em dezembro no Reino Unido e responsável, em grande parte, pela dramática terceira vaga que assolou a Europa) é atualmente responsável por 89% dos casos registados em Portugal, sendo a estirpe dominante no país. Em menor escala, a variante de Manaus fez até agora 73 casos de Covid-19 em Portugal, dos quais 44 foram confirmados nas duas últimas semanas, mas o investigador sublinhou que a tendência crescente desta variante indica que nas próximas duas semanas o número aumentará de modo significativo. Já a variante da África do Sul fez 64 casos, 11 dos quais confirmados nas duas últimas semanas.

João Paulo Gomes sublinhou que todas estas variantes partilham um conjunto limitado de mutações genéticas, embora com combinações distintas, o que significa que, para já, tudo indica que as vacinas atualmente em distribuição no país são capazes de mitigar a doença causada por estas novas variações do coronavírus, cuja versão inicial foi detetada no final de 2019 em Wuhan, na China. Desde então, a Covid-19 já fez mais de 147 milhões de casos em todo o planeta, tendo sido responsável pela morte de mais de 3 milhões de pessoas.

Por terem nela sido identificadas duas mutações genéticas particularmente preocupantes, a variante indiana tem sido motivo de inquietação entre a comunidade científica, uma vez que há o medo de que esta variante tenha uma maior capacidade para escapar à imunização.

A variante indiana já foi detetada em vários países da Europa, incluindo o Reino Unido e a Suíça. Por este motivo, a Índia já foi colocada na lista vermelha de destinos para viajar em diversos países.