A União Zoófila acusou a Câmara Municipal de Lisboa de fazer propaganda eleitoral utilizando informação falsa sobre a organização. Em causa, está a colocação de um outdoor — entretanto retirado — à entrada das instalações da União Zoófila em Sete Rios, que dava conta da criação de um novo abrigo para cães e gatos no Parque Urbano do Vale do Forno, algo que a organização considera ser falso.

“A informação transmitida neste outdoor utiliza abusivamente o nome da União Zoófila, sem o seu consentimento, e transmite a ideia, falsa, de que foi acordada a sua relocalização, ou seja, a destruição do seu abrigo localizado em Sete Rios há 70 anos com vista à utilização dos terrenos para outros fins”, lê-se num comunicado publicado nas redes sociais da União Zoófila cujo nome surge no outdoor colocado pela Câmara de Lisboa, juntamente com o da Associação Focinhos e Bigodes.

# ACTUALIZAÇÃO #A CML já retirou o outdoor.Muito obrigada amigos, pelo vosso apoio e solidariedade. Só com ele…

Posted by União Zoófila on Tuesday, July 6, 2021

Em declarações à Rádio Observador, Luísa Barroso, presidente da União Zoófila, afirma que a organização discute há vários anos com a autarquia a localização de novas instalações, mas que nada foi decidido até ao momento.

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“É uma coisa que tem sido falada, mas não está decidido, não há nada concreto. Não temos ainda nenhum sítio específico e não há ainda nenhum acordo assinado”, afirmou Luísa Barroso, criticando a autarquia chefiada por Fernando Medina por ter colocado o outdoor sem informar a União Zoófila,  lembrando que se aproximam as eleições autárquicas (marcadas para 26 de setembro), o que vai ao encontro das acusações de “propaganda eleitoral” feita pela associação.

“Publicar informação falsa na via pública é crime. Manipular informação e divulgá-la publicamente como propaganda eleitoral e, em simultâneo, como forma de pressão de quem é mais vulnerável é uma estratégia abusiva que a todos devia envergonhar”, lê-se no comunicado divulgado pela organização protetora dos animais.

A União Zoófila acusa ainda a Câmara Municipal de Lisboa de colocar o outdoor como “ represália à recusa da associação em assinar um protocolo de intenções com a Câmara de relocalização do seu abrigo”, referindo que o espaço escolhido pela autarquia para a relocalização é “um aterro sanitário com infraestruturas de gás metano, de lixiviados e de proteção danificadas”.

Por defender que “os cerca de 600 animais que protegemos não são veículo de propaganda política”, a União Zoófila pediu à Câmara Municipal de Lisboa para retirar o outdoor, algo que viria a acontecer horas depois do comunicado, conforme adiantou à Rádio Observador Luísa Barroso.

Ouça aqui as declarações da presidente da União Zoófila à Rádio Observador:

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A Câmara Municipal de Lisboa, questionada pela Rádio Observador, reconheceu que a colocação do outdoor foi “indevida”, daí já o ter retirado, garantindo que pretende manter as conversações com a União Zoófila — uma organização que “tem desenvolvido ao longo dos anos um trabalho notável em prol do bem-estar animal” — sobre a relocalização do espaço para o Parque Urbano do Vale do Forno.

“A Câmara Municipal de Lisboa tem mantido um diálogo com a União Zoófila ao longo do tempo para serem consensualizados alguns aspetos desta solução, tendo a colocação do outdoor sido, por isso, indevida”, afirma a autarquia, sublinhando que “mantém o propósito de prosseguir as conversações” para “ir ao encontro das preocupações” manifestadas pela associação de proteção dos animais.

Na sequência deste caso, conforme avançou o partido em comunicado enviado ao Observador, o PAN enviou um requerimento à autarquia, com carácter de urgência, a pedir esclarecimento escrito sobre a colocação do  outdoor e a questionar sobre o agendamento de reuniões da CML com as associações em causa.

O PAN diz que foi “com enorme estupefação” que tomou conhecimento do caso, uma vez que “apesar de ter sido solicitada reunião por parte da associação [União Zoófila] ao executivo para que fossem dadas a conhecer as condições do protocolo, até hoje nada foi agendado e menos ainda acordado quanto à mudança de espaço”.

Notícia atualizada às 10h43 de 07/06 com informação sobre requerimento enviado pelo PAN à CML