A representante residente das Nações Unidas em Moçambique disse esta sexta-feira que o mar é o maior recurso de que o país dispõe, defendendo uma aposta na ciência e inovação para um desenvolvimento económico sustentável.
“Os oceanos são o maior recurso de Moçambique e são também um recurso que, se bem usado, não vai acabar”, declarou à Lusa Myrta Kaulard, à margem da 2.ª edição da Conferência Internacional “Crescendo Azul”, que decorre em Vilanculos, na província de Inhambane, sul de Moçambique.
Para a representante residente da ONU no país, a adoção de uma estratégia baseada na inovação tecnológica e fundada numa exploração sustentável estão entre as condições para que se aproveite o potencial marítimo de que o país dispõe, num momento em que a industrialização é apontada como o principal objetivo em quase todos os setores económicos.
“Não podemos ter uma industrialização sem conservação e existe ciência, tecnologia e oportunidades para fazer um desenvolvimento económico junto com a conservação. Este deve ser o caminho porque o que nós fizemos nos tempos anteriores foi um horror”, frisou Myrta Kaulard, admitindo, no entanto, que estas estratégias precisam de investimentos, principalmente para as comunidades que do mar dependem.
Se, por um lado, o oceano é uma oportunidade para o desenvolvimento sustentável do país africano, por outro, recai sobre Moçambique um grande desafio: segurança marítima, num país com 2.700 quilómetros de costa.
“Conhecemos todos os desafios do oceano Índico, entre os quais o tráfico ilícito”, afirmou Myrta Kaulard, frisando que o país africano precisa ter “conhecimentos específicos sobre as condições do mar”.
Moçambique está a lutar para atingir o desenvolvimento sustentável, mas é um país muito vulnerável às mudanças climáticas. Isto é um desafio muito grande e, por isso, o país precisa de apoio de todos países”, acrescentou.
Embora com baixos níveis de poluição, Moçambique sofre ciclicamente com o impacto de desastres naturais, o que coloca o país entre os mais interessados em travar o aquecimento global, a subida dos oceanos e a proliferação de eventos meteorológicos extremos.
No entanto, os desafios são enormes face aos altos índices de pobreza e à ambição de alcançar uma economia industrializada, num momento em que alguns combustíveis fósseis (como o carvão e o gás) continuam entre os principais produtos de exportação.
A 2.ª edição da Conferência Internacional “Crescendo Azul” arrancou na quinta-feira, juntando mais de 1.500 pessoas em Vilanculos, na província de Inhambane, com o objetivo de promover uma economia baseada nos oceanos, debatendo mecanismos para a proteção da biodiversidade em Moçambique.