Conflitos armados entre pastores, pescadores e agricultores no norte da República dos Camarões forçaram a deslocação de mais de 100 mil pessoas nas últimas duas semanas, revelou esta sexta-feira a Alto-Comissariado das Nações Unidas para os refugiados (ACNUR).
“As indicações são que as deslocações para Chade têm vindo a acelerar”, afirmou Matthew Saltmarsh, porta-voz do ACNUR, numa conferência de imprensa citada. O mesmo adicionou que a agência está a fazer tudo ao seu alcance para dar assistência humanitária aos deslocados.
Este organismo estima que, nos últimos dias, 85 mil pessoas tenham fugido na direção do país vizinho — o Chade, enquanto mais de 15 mil pessoas foram forçadas a encontrar abrigo nos Camarões. O Chade já acolheu cerca de uma milhão de refugiados e deslocados.
Matthew Saltmarsh, citado pela Reuters, apontou ainda que 44 pessoas morreram nos conflitos e 111 ficaram feridas.
A grande maioria dos recém-chegados ao país vizinho foram crianças, e cerca de 98% dos adultos são mulheres. O porta-voz destaca que os refugiados “necessitam desesperadamente de abrigo, mantas e kits higiénicos.”
Os conflitos tiveram origem no início de dezembro numa intensa luta água — cuja escassez no país é elevada. A ACNUR destacou que as alterações climáticas estão a exacerbar a mencionada escassez, assim como a restante competição por recursos naturais básicos.
“Nos últimos 60 anos, a superfície do Lago Chade diminuiu 95%”, disse Saltmarsh. “Estamos a apelar à ajuda e o apoio da comunidade internacional, para assistir as pessoas que foram deslocadas à força.”