Recuperou de uma infeção pelo SARS-CoV-2 há menos de seis meses e quer testar-se para ir a uma festa de Passagem de Ano? Não vale a pena: é possível que o resultado seja positivo sem que isso signifique que pode infetar outras pessoas. E é a própria Direção-Geral da Saúde (DGS) que desaconselha a testagem de recuperados, salvo três exceções.

O conselho está numa das normas das autoridades de saúde, que dita que os testes laboratoriais, assim como os testes de rastreio em contexto comunitário, não devem ser aplicados a quem tenha sido diagnosticado com uma infeção pelo coronavírus e terminado o período de isolamento há menos de 180 dias. Basta ser portador de um certificado digital da União Europeia que comprove a recuperação.

Os únicos casos em que a DGS admite a necessidade de uma pessoa recuperada ser testada é se exibir sintomas sugestivos de Covid-19 e simultaneamente tiver contactado com um caso confirmado nos 14 dias anteriores ou não existir diagnóstico alternativo para o quadro clínico; ou então em situações de imunodepressão, porque é mais provável que o sistema imunitário não tenha desenvolvido uma resposta imunitária ao vírus.

Laura Brum, diretora clínica da Synlab, confirma que estas são as regras atualmente em vigor em Portugal: é que, embora a maioria das pessoas já teste negativo após a saída do isolamento — que foi reduzido esta quinta-feira de 10 dias para apenas sete —, algumas continuam a testar positivo durante longos meses. Mas isso não significa que possam infetar outras pessoas: a carga viral é demasiado baixa ou as partículas virais continuam no organismo, mas já não são viáveis.

É precisamente por isso que, ao contrário do que acontecia no início da epidemia de Covid-19 em Portugal, já não é necessário testar negativo para se sair da quarentena e retomar a vida em sociedade: a melhor evidência científica aponta que, no fim da infeção, mesmo que a pessoa continue efetivamente positiva para a presença do SARS-CoV-2, já não pode contagiar terceiros.

Isso não significa necessariamente que estes casos são falsos positivos, que ocorrem quando alguém testa positivo sem que realmente esteja infetado pelo coronavírus. A sensibilidade dos testes é tão elevada que consegue mesmo detetar as mais baixas cargas virais, mesmo que as partículas já não sejam infecciosas. Só que testar positivo nessa altura já não significa que a pessoa em causa vai transmiti-las na comunidade.

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