As células do sistema imunitário responsáveis por eliminar outras células infetadas pelo coronavírus mantêm uma eficácia elevada contra a variante Ómicron, comparável à registada contra a variante Delta, sugere um estudo em pré-publicação efetuado na África do Sul.

Os anticorpos produzidos por quem já esteve infetado por outras variantes e por quem já foi vacinado não têm tanta capacidade de resposta contra a Ómicron como tinham para as variantes mais antigas, mas as células T mantêm uma resposta imunitária robusta.

A equipa de cientistas estudou a capacidade de reação deste tipo de glóbulos brancos em 70 pessoas que foram vacinadas com a Janssen ou com a Pfizer/BioNTech, assim como em pessoas não-vacinadas que já tinham recuperado da Covid-19.

Descobriram que pelo menos 70% a 80% da resposta das células CD4 e CD8, dois subtipos das células T, se mantiveram em todos os grupos. E descobriram também que, apesar do elevado número de mutações da Ómicron, a magnitude da reação das células T à nova variante foi “similar” à registada nos casos da Beta e da Delta.

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Isso pode explicar porque é que, mesmo sendo mais infecciosa e com maior capacidade de fintar os anticorpos induzidos pela vacina ou por uma infeção natural, a variante Ómicron consegue ser mais benigna: escapa à primeira linha de ataque do sistema imunitário, mas a segunda continua robusta.

Aliás, nos 19 doentes hospitalizados com uma infeção pela Omicron, a resposta das células T à proteína S — a que dá o aspeto coroado ao vírus — e à restante estrutura do SARS-CoV-2 foi “comparável” à encontrada nos 49 internados com outras variantes.

“Apesar das extensas mutações da Ómicron e da suscetibilidade reduzida a anticorpos neutralizantes, a maioria da resposta das células T, induzida por vacinação ou infecção natural, reconhece a variante“, determinaram os cientistas sul-africanos: “A imunidade de células T bem preservada contra a Ómicron provavelmente contribuirá para a proteção contra a Covid-19 grave”.