O escritor ugandês está a ser acusado de “perturbar a paz” do presidente Yoweri Museveni e do filho, Muhoozi Kainerugaba, general do exército, por criticá-los no Twitter “sem fins de comunicação legítima”, segundo a acusação citada pela Reuters. Está detido ilegalmente desde 28 de dezembro e assim permanecerá pelo menos até 21 de janeiro, data em que deverá ser presente a tribunal. Segundo a lei ugandesa, pode ser punida com até um ano de prisão.

A advogada do escritor, Eron Kiiza, afirma que Kakwenza Rukirabashaija tem estado a ser torturado, acrescentando que uma vez urinou sangue. Anteriormente, a mulher já tinha relatado que o marido estava fraco, ferido e tinha a roupa interior manchada de sangue. “[Ele] disse-me que estava com fome, perguntei o que queria comer, quando lhe servi um copo de leite, vomitou”, afirmou num depoimento em tribunal, citado pelo The Guardian.

Dias antes de Rukirabashaija ser detido, tinha escrito, entre outros comentários,  que Kainerugaba era “obeso” e “resmungão”. Tinha denunciado ainda os supostos planos de sucessão ao pai, que está no poder desde 1986.

O escritor é conhecido pelo romance “The Greedy Barbarian” (“O Bárbaro Ganancioso”, em tradução livre), que descreve um país imaginário atormentado pela corrupção e com o qual venceu o prémio PEN Pinter International Writer of Courage no ano passado. Rukirabashaija já tinha sido preso e questionado pelos militares sobre se a história era sobre o presidente.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Uganda, Museveni

Yoweri Museveni está no poder desde 1986

A sua detenção e as alegações de tortura atraíram críticas e pedidos de libertação de várias personalidades, inclusive  do representante especial da União Europeia para os direitos humanos, Eamon Gilmore, que escreveu no Twitter estar “alarmado”.