Uma das imagens comummente associadas à Idade Média são as batalhas disputadas por cavaleiros — com recurso a espadas, lanças ou arco e flecha — a pé ou a cavalo. Os animais, preparados para as batalhas com largas armaduras, a condizer com os cavaleiros que os montavam. Cavaleiro e cavalo, juntos numa só máquina de destruição, temida pela coragem do cavaleiro e pelo ameaçador tamanho e velocidade do corcel, certo?

Errado. Os cavalos da Idade Média seriam, afinal, do tamanho dos póneis atuais.

Um estudo publicado na International Journal of Osteoarcheology analisou 1964 ossos de cavalos, encontrados no Reino Unido, datados de entre os anos 300 e 1650 depois de Cristo. Os ossos foram recolhidos em 171 locais arqueológicos diferentes, e o objetivo da investigação era comparar as dimensões e características destes restos mortais em relação aos ossos de cavalos contemporâneos.

Em média, os cavalos utilizados no Reino Unido entre os séculos V e XII mediam 1,48 metros — a altura aproximada dos póneis que encontramos hoje em dia. Além disso, o estudo concluiu que cavalos com alturas entre 1,5 e 1,6 metros, cavalos de estatura média no século XXI, seriam bastante raros na Idade Média, e vistos como de porte anormalmente grande.

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Curiosamente, houve um período analisado pelos investigadores durante o qual estes animais diminuíram de tamanho, contrariando a tendência geral verificada até à atualidade. Em relação ao período Saxónico, que corresponde aos séculos V a XI, mais concretamente até ao ano de 1066, no qual ocorreu a Batalha de Hastings, os cavalos do período Normando —  entre os anos 1066 e 1200 — tinham menor porte que os cavalos utilizados pelos Saxões.

A hipótese indicada pelo estudo sugere que “este padrão não reflete necessariamente o uso ou a introdução de cavalos mais pequenos da Normandia”, mas que os Saxões, no século XI, deixaram de se preocupar com a criação de garanhões, e que, portanto, este abandono do cruzamento de cavalos pode ter sido verificado também no período Normando.  Como alternativa, os investigadores colocaram a hipótese de “o impacto militar e político da Conquista Normanda poder ter interrompido os programas de criação [de cavalos], que precisaram de mais tempo para recuperar sob o novo regime”.

Alan Outram, professor de arqueologia da Universidade de Exeter e coautor do estudo, explicou, segundo a CNN, que os cavalos medievais de guerra — denominados destriers — poderiam ser relativamente largos para a altura, mas que “seriam muito mais pequenos” do que esperaríamos dos cavalos de batalha.

A seleção e as práticas de acasalamento dos garanhões reais poder-se-ão ter focado tanto no temperamento e características físicas específicas para a guerra como no tamanho em si”, explicou o professor de arqueologia.

Durante a investigação, os cientistas verificaram haver menos ossos de cavalos nos locais arqueológicos medievais do que nos locais romanos e da Idade do Ferro. As conclusões apontam para que houvesse uma prática generalizada, durante o período medieval, de utilizar carcaças dos cavalos para produzir couro e carne.