O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) acusa o conselho diretivo do INEM de mentir em relação ao ataque informático à Vodafone. O Instituto Nacional de Emergência Médica indicou na terça-feira que ativou um plano de contingência assim que se apercebeu dos constrangimentos na rede móvel, o que assegurou a transferência de chamadas das centrais 112 para os centros de orientação de doentes urgentes.
Já na terça-feira o sindicato denunciava à Rádio Observador que o plano de contingência não estava a funcionar em pleno: se as chamadas conseguiram, de facto, ser reencaminhadas, o mesmo não aconteceu com o envio de dados. É uma informação agora confirmada em comunicado enviado às redações: “Se nas comunicações de voz o INEM utilizou a redundância da rede SIRESP, no que concerne aos dados tal redundância estranhamente não se verifica. Ou seja, na impossibilidade do não envio dos registos clínicos dos vários dados dos doentes, ficam vários protocolos por validar, de que é exemplo o protocolo de dor torácica que permite diagnóstico e tratamento precoce das vítimas de enfarte agudo do miocárdio.”
Ataque informático à Vodafone comprometeu serviços de dados móveis do INEM
Os Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar confirmam ainda que muitas dificuldades só foram ultrapassadas porque muitos profissionais usaram os seus “telemóveis pessoais para comunicar com as equipas no terreno”, como tinha avançado o Observador.
Mas agora o STEPH vai mais longe e acusa mesmo o INEM de mentir: “O conselho diretivo do INEM falta mais uma vez à verdade negando quaisquer constrangimentos”. O sindicato garante que “denunciará à tutela estas incoerências do INEM e não deixará de exigir um conselho diretivo mais capaz de dar as respostas que os portugueses e os técnicos de emergência pré-hospitalar precisam”.
Em resposta a estas acusações, o INEM enviou ao final da manhã desta quarta-feira novo comunicado para as redações, onde reitera que a transmissão de dados foi assegurada, a partir das 7h desta terça-feira, através da “aplicação de registo clínico do INEM”. De acordo com o conselho diretivo da instituição, o iTeams possibilita a comunicação de dados entre os Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), as equipas no terreno e os hospitais — “Incluindo a transmissão de eletrocardiogramas para o CODU”, acrescenta o comunicado.
Neste comunicado, o INEM reitera ainda que desde as 9h de terça-feira que os centros de orientação já conseguem acionar os meios de emergência através da rede Vodafone. “Neste momento só não se encontra reposto o sistema telefónico fixo via NET, o que significa que os profissionais dos CODU acionam os meios através da rede móvel. A previsão da Vodafone é que este sistema esteja completamente restabelecido durante a tarde de hoje [quarta-feira]”, indica o Instituto Nacional de Emergência Médica.