A invasão da Ucrânia pela Rússia tem tido consequências de enorme relevo a nível militar e o jogo de força que caracterizava os dois exércitos sofreu mudanças significativas nestes quase dois meses de guerra. O lado sofreu perdas consideráveis em combate, com a destruição de múltiplos caças, tanques e veículos blindados, a morte de milhares de soldados e o naufrágio da joia da coroa da marinha russa: o navio de guerra Moskva.

As primeiras imagens do navio Moskva após ataque ucraniano. Mãe de marinheiro fala em cenário “aterrorizador”

A Ucrânia, por seu turno, mobilizou a população para se juntar às fileiras de guerra, quer através da integração na Unidade de Defesa Territorial, uma espécie de unidade paramilitar, quer ajudando à produção de provisões ou a fabricar material de guerra, como cocktails molotov. As forças armadas ucranianas conseguiram ainda destruir 680 tanques inimigos e capturar outros 161, conta o Telegraph.

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Que o exército ucraniano tenha atingido o ‘equilíbrio de tanques’ com os russos na Ucrânia é significativo”, afirmou Mick Ryan, do Centro de Estudos Internacionais de Estratégia. “O terreno no leste é mais propício para manobras de armas combinadas e os números [de veículos militares] vão ter peso. Tal como uma boa liderança e táticas militares, que é onde os ucranianos ultrapassam largamente os russos.”

Porém, para o poderio do exército de Kiev muito tem contribuído um outro trunfo: a Ucrânia tem recebido tanto armas como munições, além de outro tipo de equipamento militar, de vários países do ocidente.

De que modo contribuíram os países do ocidente para esta mudança na balança de poder militar? Entre mísseis anti-tanque, capacetes e coletes à prova de bala ou veículos blindados, que país enviou (ou pretende enviar) o quê para a Ucrânia?

Estados Unidos da América e os drones Phoenix Ghost

Esta quinta-feira, os EUA anunciaram o envio de 800 milhões de dólares — cerca de 740 milhões de euros — em ajuda militar para a Ucrânia.

O apoio irá permitir a criação de cinco novos batalhões de artilharia no país do leste da Europa e inclui também o envio de 120 drones Phoenix Ghost. Projetados pela Força Aérea norte-americana especificamente para serem utilizados pelas tropas ucranianas, estes drones, além de funções de vigilância, foram desenhados para se ‘despenharem’ contra o alvo e causar uma explosão no impacto.

De acordo com o New York Times, vão igualmente ser enviadas várias peças de artilharia Howitzers de 155 milímetros — cada um dos cinco novos batalhões já referidos ficará equipado com 18 peças de artilharia e 37 mil munições.

Os Estados Unidos da América já tinham enviado para o país 1.400 sistemas anti-aéreos Stinger, cinco mil mísseis Javelin, milhares de munições para metralhadoras, além de outro tipo de equipamento militar.

França envia armas de peso pela primeira vez

Até agora, França tinha enviado o equivalente a mais de 100 milhões de euros em equipamento militar para a Ucrânia, de acordo com a ministra da Defesa.

Esta sexta-feira, contudo, o Presidente francês Emmanuel Macron anunciou que será enviada artilharia pesada para a Ucrânia. “Vamos entregar equipamento significativo, desde mísseis ati-tanque Milan a howitzers Caesar”, afirmou o líder francês, segundo o canal áraba Al Jazeera.

Acho que devemos continuar neste caminho, mas sempre com a linha vermelha de que não nos tornaremos parte ativa do conflito.”

Espanha e a ajuda a bordo do Ysabel

Esta quinta-feira, numa visita oficial a Kiev, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, afirmou que Espanha enviou para a Ucrânia, com passagem pela Polónia, 200 toneladas de munições, 30 camiões e dez veículos leves, entre outros elementos. Este material está a ser transportado a bordo do cargueiro Ysabel, conta o El País.

Reino Unido e a jogada polaca

Mais de 200 mil unidades de vários itens militares foram enviadas para a Ucrânia, incluindo 4.800 mísseis anti-tanque NLAW, além de um número, ainda que reduzido, de mísseis Javelin. O Reino Unido anunciou ainda o envio de mais seis mil mísseis não especificados.

Os mísseis britânico e norte-americano que estão a ajudar os ucranianos a equilibrar a balança do conflito

Segundo o Telegraph, Boris Johnson anunciou, esta sexta-feira, que o Reino Unido também planeia enviar tanques para a Polónia, permitindo assim ao país fornecer a Ucrânia com vários tanques T-72 da União Soviética.

Canadá: a possível partilha do pouco que se tem

Desde que as tropas russas tentaram derrubar Kiev, o Canadá enviou para a Ucrânia 4.500 lança mísseis M-72, cujo alcance varia entre 150 e 200 metros. O país entregou ainda 100 sistemas anti-tanque Carl Gustaf, com um alcance entre 400 e 600 metros, e equipamento como capacetes e coletes à prova de bala.

No início desta semana, o primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau disse que vai ser enviada artilharia a pedido de Volodymyr Zelensky, não especificando contudo o que foi combinado.

Segundo a CBC, é provável que estas novas armas a enviar se tratem de peças de artilharia Howitzers M777 de 155 milímetros, operadas por entre oito a dez pessoas e capazes de disparar uma munição até 30 quilómetros. O Canadá tem 37 peças deste tipo, não se sabendo de quantas estará disposto a abdicar.