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Mapa da guerra. O que se sabe sobre o 64.º dia do conflito?

Este artigo tem mais de 1 ano

Guterres encontrou-se em Kiev com Zelensky. Antes, visitou Irpin, Bucha e Borodyanka. Tropas russas movimentam-se mais a leste, mas quase paralisadas a norte e oeste.

epaselect epa09799166 A man goes past burned buildings that were hit by shelling in the small city of Borodyanka near Kiev, Ukraine, 03 March 2022. Russian troops entered Ukraine on 24 February prompting the country's president to declare martial law.  EPA/ALISA YAKUBOVYCH
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Borodyanka foi uma das cidades visitadas por António Guterres na Ucrânia

ALISA YAKUBOVYCH/EPA

Borodyanka foi uma das cidades visitadas por António Guterres na Ucrânia

ALISA YAKUBOVYCH/EPA

Ao fim de 64 dias de guerra na Ucrânia, António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas (ONU), esteve em Kiev para se encontrar pela primeira vez com Volodymyr Zelensky. O foco das conversações será a ajuda humanitária que a ONU prestará na Ucrânia, nomeadamente em Mariupol e na libertação de Azovstal.

A reunião entre Guterres e Zelensky, depois de o líder da ONU visitar as cidades mais atingidas pela guerra nas proximidades da capital ucraniana, acontece após a passagem do secretário-geral por Moscovo. Guterres esteve com Vladimir Putin, líder da Rússia, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov.

No campo estratégico, as tropas russas continuam a concentrar os seus esforços no leste da Ucrânia, sobretudo em Kharkiv e Donbass, mas estão praticamente paralisadas no norte e a oeste. O próximo passo pode estar fora das fronteiras ucranianas, na região separatista moldava (apoiada pela Rússia) de Transnístria.

O mapa mais atualizado das movimentações das tropas russas e ucranianas no terreno

ANA MARTINGO/OBSERVADOR

As forças russas continuam a avançar no leste da Ucrânia, região em que estão a concentrar os seus principais esforços militares (particularmente nas áreas de Kharkiv e Donbass). Apesar disso, nas regiões norte e oeste da Ucrânia, os avanços têm sido limitados ou nulos. Mas os EUA dizem ter indícios de que há forças russas a sair de Mariupol em direção a Zaporíjia, que fica a noroeste da cidade sitiada.

Este é um ponto de situação para resumir o que aconteceu nas últimas horas na guerra da Ucrânia. Siga também o liveblog do Observador para acompanhar os desenvolvimentos ao minuto e leia os trabalhos dos enviados especiais do Observador à Ucrânia, Carlos Diogo Santos e João Porfírio.

O que aconteceu durante a tarde e a noite

  • Pelo menos uma pessoa morreu e cerca de dez terão ficado feridasna sequência do ataque com mísseis em Kiev, pouco depois da reunião entre o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o secretário-geral da ONU, António Guterres. Veja aqui as fotografias dos enviados especiais do Observador em Kiev, que retratam a destruição do ataque.
  • Segundo disse um conselheiro do ministro do Interior ucraniano ao Observador, foram lançados dois mísseis, tendo um deles sido intercetado. O alvo foi uma antiga fábrica de material militar, mas o míssil acabou por atingir um prédio residencial. Na mensagem diária, Zelensky viria a atualizar o número de mísseis: foram, afinal, cinco.
  • Em entrevista à RTP, o secretário-geral da ONU, António Guterres comentou os bombardeamentos na capital, admitindo que ficou chocado não por o ataque ter acontecido durante a sua visita, mas porque Kiev “é uma cidade sagrada quer para os ucranianos quer para os russos”. “Chocou-me”, disse.
  • Volodymyr Zelensky também se referiu aos ataques em Kiev, na mensagem diária, dizendo que os mísseis lançados sobre a capital “dizem muito sobre a atitude da Rússia para com instituições internacionais” e sobre “os esforços da liderança russa para humilhar a ONU e tudo o que a Organização representa”.
  • Após o encontro no Palácio Presidencial, em Kiev, Zelensky e Guterres deram uma conferência de imprensa conjunta em que o Presidente da Ucrânia assegurou que Kiev está pronta a “encetar negociações de imediato para garantir a saída de civis da fábrica de Azovstal, em Mariupol
  • Sobre a Azovstal, Guterres também disse, à RTP, que estão em curso “discussões” para a retirada em segurança dos civis. Mas a operação é “extremamente complicada” porque os civis “vão ter de atravessar uma das linhas de confronto”.
  • O Ministério da Defesa da Ucrânia revelou que identificou dez dos soldados russos responsáveis pelo massacre em Bucha, cidade a cerca de 40 quilómetros de Kiev onde em março foram encontrados cerca de 400 cadáveres de civis ucranianos. Nenhum dos soldados agora indiciados foi capturado pelas forças ucranianas.
  • Mas Zelensky admite que os dez soldados russos identificados pela Ucrânia como responsáveis pelo massacre em Bucha venham a sofrer “retaliação” por parte dos militares ucranianos, antes de serem julgados.
  • O Presidente dos EUA, Joe Biden, propôs ao Congresso, esta quinta-feira, um reforço da ajuda à Ucrânia na ordem dos 33 mil milhões de dólares (mais de 31 mil milhões de euros), assim como um endurecimento das sanções à Rússia, segundo autoridades dos EUA citadas pela Reuters.
  • O hospital militar junto à fábrica de Azovstal, em Mariupol, foi atingido por uma bomba durante os ataques aéreos desta madrugada, avança o The Kyiv Independent e confirma a Sky News. Havia centenas de pessoas no interior, entre doentes e profissionais de saúde.
  • Os EUA dizem ter indícios de que há forças russas a abandonar Mariupol, a cidade portuária sitiada no sul da Ucrânia. Segundo o The Guardian, que cita a Reuters, um alto funcionário da defesa dos EUA indicou que essas forças estão a avançar em direção a noroeste da Ucrânia.
  • Recep Tayyip Erdogan, Presidente da Turquia, voltou a oferecer a cidade de Instambul para mediar as negociações entre a Rússia e a Ucrânia.
  • Nicu Popescu, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Moldávia, disse esta quinta-feira que o país está a atravessar um “novo momento muito perigoso”, com os ataques da passada segunda-feira contra o Ministério da Segurança na região separatista pró-russa da Transnístria, que já proibiu os homens em idade de combater de abandonarem o território.
  • A Ucrânia terá bombardeado a cidade russa de Belgorod, perto da fronteira com a Ucrânia. A notícia é avançada pela Reuters, que cita duas testemuhas que garantem ter ouvido duas explosões.
  • O governo do Reino Unido confirmou esta tarde a morte de um cidadão britânico, que estava na Ucrânia a combater como voluntário contra as forças russas, e o desaparecimento de um outro, naquele país em circunstâncias idênticas.
  • A Bloomberg avança, citando fontes anónimas, que, depois de nos últimos dois meses ter recusado sempre estender as sanções ao maior banco da Rússia, a Alemanha está finalmente “pronta para considerar” incluir o SberBank no próximo pacote de sanções da União Europeia.
  • O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse esta quinta-feira que os países da aliança atlântica estão preparados para manter a ajuda à Ucrânia durante anos, incluindo na modernização do armamento do país.
  • A Uniper prepara-se para converter pagamento de gás para rublos, apesar de Bruxelas considerar que viola sanções. Empresa de energia alemã diz que ficar sem gás russo no curto prazo seria dramático.

O que aconteceu durante a manhã

A Rússia disse na quarta-feira ter destruído “uma grande quantidade de armamento” fornecido por países ocidentais à Ucrânia, uma afirmação desmentida pelas autoridades ucranianas. O Ministério da Defesa russo adiantou que “camiões com uma grande quantidade de armas e munições estrangeiras, entregues às forças ucranianas pelos Estados Unidos e países europeus, foram destruídos com mísseis Kalibr disparados do mar contra uma fábrica de alumínio em Zaporijia”.

A Finlândia ainda não tomou a decisão de entrar para a NATO, mas a questão começou a ser discutida no Parlamento e a sensação que se vive no país é que se atingiu “o ponto de não retorno”. “Se a Finlândia agora recuasse, a Rússia interpretá-lo-ia como uma vitória e a NATO jamais o entenderia”, argumentou Minna Holopainen, diretora de informação da agência noticiosa finlandesa STT. Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, garantiu que tanto a Finlândia como a Suécia serão recebidas de “braços abertos”.

A Rússia avisou que vai responder com “medidas retaliatórias” e “proporcionais” se o Ocidente confiscar propriedades russas como parte das sanções ao país, prometeu Andrey Klishas, presidente da Comissão do Conselho da Federação Russa sobre a Legislação Constitucional e Construção do Estado.

António Guterres, secretário-geral da ONU, esteve em Borodyanka. De olhos postos nos edifícios destruídos, imaginou o que seria ter a própria família no cenário dantesco de uma das cidades mais atingidas pela guerra: “Vejo as minhas netas a fugir em pânico, parte da família talvez morta”. Nas únicas declarações que prestou aos jornalistas, o líder das Nações Unidas considerou que “a guerra é um absurdo no século XXI, é um mal”: “As nossas emoções são de que não há forma de aceitar uma guerra no século XXI”.

O secretário-geral das Nações Unidas também esteve em Bucha, junto a uma vala comum , onde foram encontrados os corpos de 117 cidadãos ao lado de uma igreja. Admitiu estar satisfeito que o Tribunal Internacional esteja atento às possíveis evidências de crime de guerra na Ucrânia. “Apoio inteiramente o Tribunal e apelo à Rússia para cooperar com ele”, disse o líder da ONU. E acrescentou: “Quando falamos de crimes de guerra, não podemos esquecer que o pior dos crimes é a própria guerra”.

Em Irpin, António Guterres falou de um “cenário horrendo”. “Demonstra algo que é sempre verdade. Os civis pagam sempre o preço mais alto”, disse o secretário-geral das Nações Unidas. “As pessoas a viver nestes prédios pagaram o preço mais alto de uma guerra para a qual não contribuíram”, recordou Guterres na visita à ultima das três cidades por onde passou esta manhã.

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA) disse que o cenário na central nuclear de Zaporíjia é de “um alerta vermelho a piscar” porque a situação “não é sustentável”. Rafael Grossi esteve na Ucrânia, mas não teve acesso à central nuclear, e comentou: “Asituação como a descrevi, e que repetiria hoje, não é sustentável tal como está. Portanto, esta é uma questão pendente”.

Há distribuidores de gás na Alemanha, Áustria, Hungria e Eslováquia que admitem pagar em rublos à Rússia pela compra de gás natural. Empresas como a alemã Uniper e a austríaca OMV planeiam abrir contas em rublos no Gazprombank, na Suíça, para poderem pagar à Rússia na moeda exigida pelo regime.

defesa aérea russa terá abatido um caça-bombardeiro Sukhoi Su-24 e um míssil de curto alcance OTR-21 Tochka ucranianos, está a avançar a agência Tass. O primeiro terá sido atingido ao sobrevoar Nikolayevka; e o segundo em Izyum. Ambas as cidades ficam em Lugansk.

Na praça central de Kamyansky, em Dnipropetrovsk (Ucrânia), foram expostos 217 brinquedos, um por cada criança que morreu na guerra. Nas fotografias, partilhadas nas redes sociais, é possível ver peluches, bonecas, carrinhos, trotinetes, entre outros objetos infantis.

O conselheiro do Presidente da Ucrânia afirmou, esta quinta-feira, que o país irá defender-se “de qualquer forma” e não exclui ataques a “armazéns e bases” dos russos.

A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, voltou a avisar o ocidente para as respostas contra o ocidente a um ataque ucraniano no território da Rússia. Mas o ministro britânico Ben Wallace, que tem a pasta da defesa, repetiu a polémica ideia do secretário de Estado James Heappey e disse: “Se a Ucrânia optasse por direcionar a infraestrutura logística para o exército russo, isso seria legítimo à luz da lei internacional”.

O que aconteceu durante a madrugada

O Ministério Público ucraniano está a investigar 8.653 possíveis casos de crimes de guerra cometidos no país — a maioria das quais relacionadas com a “quebra das leis e costumes bélicos” — e 4.129 crimes contra a segurança nacional.

Um novo balanço da Procuradoria-Geral da República ucraniana contabiliza 217 crianças mortas durante a guerra e outras 393 que ficaram feridas nos confrontos.

Kirill Stremousov, vice-presidente da administração militar-civil que a Rússia impôs em Kherson, disse esta madrugada que a região vai começar a utilizar o rublo (em vez da moeda ucraniana, hryvnia) a partir de domingo, 1 de maio. Durante quatro meses, as duas moedas poderão circular em Kherson, acrescentou.

A Assembleia Legislativa de Krasnoyarsk, na Rússia, está a avançar que há planos para a expropriação de safras excedentes dos agricultores de Kherson.

A Ucrânia estima que a guerra já custou 600 mil milhões de dólares (o equivalente a cerca de 570 mil milhões de euros) ao país. As últimas estimativas apontam para a danificação ou mesmo destruição de 32 milhões de metros quadrados de espaço habitável, mais de 1.500 escolas e instituições de ensino, mais de 350 instituições de saúde, 2.500 quilómetros de estradas e quase 300 pontes.

A Rússia disse na quarta-feira ter destruído “uma grande quantidade de armamento” fornecido por países ocidentais à Ucrânia, uma afirmação desmentida pelas autoridades ucranianas.

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