20 Grand Slam, 310 semanas como número 1 do ranking mundial, um dos melhores de todos os tempos: aos 41 anos, Roger Federer anunciou a retirada do ténis e o fim da carreira desportiva. O tenista suíço revelou a decisão esta quinta-feira, através das redes sociais, numa longa publicação em que afirma que a Laver Cup da próxima semana será o último torneio que vai disputar.

“A toda a minha família do ténis e à restante. De todos os dons que o ténis me deu ao longo dos anos, o maior, sem sombra de dúvidas, tem sido as pessoas que encontrei ao longo do caminho: os meus amigos, os meus adversários e, acima de tudo, os fãs que dão vida ao desporto. Hoje, quero partilhar uma notícia convosco”, começou por dizer, justificando depois a decisão. “Como muitos de vocês sabem, os últimos três anos trouxeram-me desafios em formato de lesões e cirurgias. Trabalhei muito para voltar à melhor forma competitiva. Mas também conheço a capacidade e os limites do meu corpo e a sua mensagem nos últimos tempos tem sido clara. Tenho 41 anos. Joguei mais de 1.500 jogos ao longo de 24 anos. O ténis tratou-me mais generosamente do que aquilo que poderia ter sonhado e agora tenho de reconhecer que chegou a hora de terminar a minha carreira”, continuou Federer.

Mais à frente, o tenista suíço explica que se trata de uma “decisão agridoce”. “Vou ter saudades de tudo aquilo que o circuito me deu. Mas, ao mesmo tempo, há tanto para celebrar. Considero-me uma das pessoas mais afortunadas do mundo. Fui abençoado com este talento para jogar ténis e fi-lo a um nível que nunca imaginei, por muito mais tempo do que aquilo que achava possível”, acrescentou, referindo então que vai despedir-se na Laver Cup. “A Laver Cup da próxima semana, em Londres, vai ser o meu último evento do circuito ATP. Vou voltar a jogar ténis no futuro, claro, mas não em Grand Slam ou no circuito”, referiu.

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“Gostaria de agradecer aos meus adversários. Fui sortudo o suficiente para jogar inúmeras partidas épicas que nunca esquecerei. Batalhámos de forma justa, com paixão e intensidade, e sempre dei o meu melhor para respeitar a história da modalidade. Sinto-me extremamente grato. Puxámos uns pelos outros e juntos levámos o ténis para outro nível”, pode ler-se no longo comunicado, onde Federer também deixa agradecimento à família, particularmente à mulher e aos pais, e também aos patrocinadores e aos fãs.

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“Quando o meu amor pelo ténis começou, eu era apenas um apanha-bolas de Basileia. Costumava olhar para os tenistas com uma sensação de deslumbramento. Eram como gigantes para mim e comecei a sonhar. Os meus sonhos levaram-me a trabalhar mais e comecei a acreditar em mim. Algum sucesso trouxe-me confiança e estava no caminho certo para a aventura mais extraordinária que me trouxe até este dia. Por isso, quero agradecer-vos a todos do fundo do meu coração, a todos aqueles no mundo inteiro que ajudaram a concretizar os sonhos de um jovem apanha-bolas suíço. Finalmente, ao ténis: adoro-te e nunca te vou deixar”, termina o tenista.

Roger Federer conquistou 20 Grand Slam ao longo da carreira — um número só superado pelos 22 de Nadal e os 21 de Djokovic –, incluindo uns recordistas oito Wimbledon que não encontram paralelo em qualquer outro tenista. Foi número 1 do ranking mundial ao longo de 310 semanas, incluindo em 237 consecutivas, e ao lado de Rafa Nadal e Novak Djokovic fez parte dos Big Three do ténis, os três nomes mais bem sucedidos da história da modalidade. Para além dos tais oito Wimbledon, dos seis Open da Austrália, dos cinco US Open e de um Roland Garros, o suíço ganhou as ATP Finals em seis ocasiões e ainda conquistou uma medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, e uma de ouro no torneio de pares dos Jogos de Pequim, em 2008.

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No ano passado, não esteve no Open da Austrália devido a uma cirurgia ao joelho mas participou em Roland Garros e em Wimbledon, tendo desistido antes dos oitavos de final em França e sido eliminado nos quartos de final em Inglaterra. Em agosto de 2021, anunciou que não iria estar presente no US Open seguinte e revelou uma nova operação ao joelho, garantindo que ia estar afastado dos courts durante algum tempo — mas deixando a indicação de que pretendia voltar ao circuito em 2022.

Já este ano, em junho, saiu do top 50 do ranking, algo que não acontecia desde 2000. Um mês depois, ficou mesmo excluído do ranking ATP pela primeira vez desde 1997. Agora, 25 anos depois de se ter estreado no circuito e 19 anos depois de ganhar o primeiro Grand Slam, Roger Federer vai deixar os courts. Mas deixa-os recheados de muito mais talento.