Há mais uma novidade literária a agitar os seguidores da realeza. “Courtiers: The Hidden Power Behind the Crown” foi escrito pelo correspondente real do jornal britânico The Times. Em antecipação, o jornal publicou quatro excertos do livro. Os primeiros três relatam a vida dos duques de Sussex com o seu staff até à saída da família real, em 2020, e o quarto debruça-se sobre o Rei Carlos III e o príncipe William.
Neste livro os papéis principais são divididos entre os membros da família real e as pessoas que, nos bastidores, gerem as suas vidas e garantem o funcionamento da instituição Monarquia, os cortesãos. Como se pode ler no site da editora, trata-se de “uma vasta equipa de pessoas escondidas dos olhares que orienta o caminho da família real entre o dever público e a vida privada”. A obra da editora Headline tem publicação prevista para 6 de outubro e procura responder a duas perguntas: quem gere, realmente, as operações? E o que acontece agora que Carlos III começou o seu reinado?
No primeiro excerto pode ler-se sobre a relação entre os duques de Sussex e o pessoal da casa real. Harry já teria uma relação difícil com a imprensa ainda antes de Meghan aparecer na sua vida e, segundo uma fonte disse ao autor, “ele, definitivamente, sentia desconfiança nos cortesãos do Palácio de Buckingham e no palácio do seu pai”, cita o livro.“A obsessão de Harry com os media, a sua frustração, desconfiança nos cortesãos do palácio e constantes testes de lealdade ao seu staff estavam lá todos antes de Meghan. Mas depois de Meghan aparecer, ficaram significativamente piores.”
Depois da relação de Harry e Meghan se tornar pública em outubro de 2016, começou o assédio dos meios de comunicação. O príncipe estava decidido a proteger a namorada e esta ter-lhe-á dito que “se ele não fizesse nada em relação a isso, ela acabaria a relação”, lê-se no excerto. Harry terá ficado em “pânico” e Meghan queria uma “validação pública” em como se tratava de uma “relação séria”, porque estava convencida de que o palácio não a protegeria da invasão dos media.
O livro baseia-se numa série de testemunhos de pessoas com acesso aos corredores das residências reais. As pessoas que trabalhavam com o príncipe Harry terão percebido rapidamente que Meghan seria uma namorada real diferente. E, mais de seis meses antes de Harry e Meghan anunciarem o seu noivado, na primavera de 2017, a ex-atriz terá dito a um dos conselheiros do príncipe: “Acho que ambos sabemos que serei uma dos seus chefes em breve”. O livro descreve uma série de episódios que ilustram as alegações de que Meghan faria bullying a membros do staff. Estas terão contribuído para que os Duques de Sussex e os, então, Duques de Cambridge deixassem de ter uma equipa conjunta e passassem a ter duas equipas diferentes.
Queixas de bullying. Conclusões do inquérito de Buckingham à conduta de Meghan não serão reveladas
Em agosto de 2019 avizinhava-se a tour por África e nem tudo corria bem na residência dos Sussex. Por esta altura já haveria uma equipa de norte-americanos a trabalhar para os duques nos bastidores, como por exemplo o gestor de negócios, o advogado e o agente de Meghan. A equipa estaria já a trabalhar numa série de projetos comerciais, nomeadamente com a Netflix, e a Apple+.
Segundo o livro, a relação entre os Sussex e a imprensa teve um ponto de fratura no périplo que fizeram pelo sul do continente africano, em 2019. Durante esta viagem estava prevista uma entrevista com um meio britânico, que Meghan aceitou relutante, porque tinha em perspetiva uma entrevista com Oprah Winfrey –. acabou por ser nesta entrevista que deu à iTV que a duquesa agradeceu por lhe perguntarem se estava bem, chamando assim muitas atenções.
O segundo excerto também se debruça sobre os duques de Sussex e conta que, quando Harry e Meghan fizeram uma pausa de seis semanas no Canadá no final de 2019, os seus planos de saída da família real já estariam delineados, mas em grande secretismo.
Também se lê que a equipa dos Sussex chegou a autointitular-se “Sussex Survivor ‘s Club” (O Clube de Sobreviventes dos Sussex) e que uma das preocupações de Meghan seria poder ganhar dinheiro por si própria, dada a sua posição enquanto membro da família real. Contudo, o projeto em que deu a voz a um documentário da Disney resultou num donativo solidário.
Na terceira parte divulgada no Times, o autor relata como foi a fase em que os duques anunciaram o seu afastamento da família real. Conta que, ainda no Canadá, Harry enviou um email ao pai a dizer que ele e Meghan estavam “infelizes”, que “a situação não estava a funcionar para eles” e que queriam ir viver para a América do Norte. Mas a resposta que recebeu foi que o tema requeria “uma conversa familiar adequada” e que a data disponível para tal seria 29 de janeiro. O príncipe tentou depois falar diretamente com a Rainha, mas sem sucesso, e achou que se tratava da intervenção dos cortesãos.
O casal anunciou a sua saída da família real a 8 de janeiro e, cinco dias depois, no dia 13 reunia-se a “cimeira de Sandringham”, com o núcleo duro da família real a tentar decidir como resolver o assunto. “Harry e Meghan conseguiam enlouquecer os outros, claro; eles já tinham enfurecido a família real ao adiantarem o seu anúncio do Megxit para 8 de janeiro com o mínimo de aviso quando todas as conversas tinham sido sobre emitir um comunicado conjunto”, escreve o autor. “Mas o palácio também mostrou o tipo de inflexibilidade inicial que sempre os enfureceu. Harry e Meghan sentiram-se encurralados, incompreendidos e profundamente infelizes”, acrescenta. Segundo conta, nos dias que se seguiram ao anúncio, o pessoal das quatro residências reais terá trabalhado para tornar “o sonho dos Sussex realidade”, escreve Low. “Mas os Sussex queriam a sua liberdade: liberdade para fazer dinheiro, liberdade para porem os seus pés na política americana. Não havia forma dos dois lados chegarem a acordo nesse ponto.” No final, foi a Rainha que teve a palavra final e decidiu retirar a hipótese de um acordo, porque “considerou que, a menos que o casal estivesse preparado para cumprir as restrições que se aplicavam aos membros trabalhadores da família real, eles não poderiam exercer funções oficiais”, explica o jornalista do Times.
“Penso que a Meghan achou que ia ser a Beyoncé do Reino Unido”, disse ao autor uma fonte do interior do palácio. Segundo Low, tanto as acusações de racismo feitas na entrevista com Oprah Winfrey, como a ausência de Harry no serviço religioso em memória do avô em março de 2022, são duas questões muito difíceis de ultrapassar para a instituição.
Num quarto texto partilhado no jornal pode ler-se sobre o novo Rei Carlos III e o Príncipe William. Quanto ao pai, várias pessoas que já trabalharam com o antigo Príncipe de Gales descrevem episódios que refletem a sua maneira de estar e trabalhar. É descrito como “um chefe exigente” e alguém “muito exigente consigo próprio”. Em resumo, o autor escreve que “qualquer pessoa que trabalhe com o Príncipe Carlos tinha de lidar com duas dificuldades chave. Uma, as traições internas. A outra era saber como lidar com todas as sugestões feitas por conselheiros de fora com que Carlos também falava”.
A parte dedicada ao príncipe William é bem mais pequena e relata que quando os filhos dos duques de Cambridge eram pequenos o príncipe disse ao seu pessoal que não queria que usassem fatos quando estivessem no escritório, a não ser que tivessem reuniões ou fossem ao Palácio de Buckingham, porque “ele queria que fosse casual”, disse uma fonte citada pelo autor. Um vez que os filhos andavam pelo escritório, ele queria um ambiente descontraído.
Este livro é mais uma novidade literária sob a temática da família real britânica. No final deste mês de setembro será lançada uma biografia da nova Rainha Consorte: “Camilla, Duchess of Cornwall. From Outcast to Future Queen Consort”, assinada por Angela Levin. Em julho, Omid Scobie, o jornalista amigo dos duques de Sussex e co-autor do livro “Finding Freedom”, anunciou que está a preparar uma sequela. Será escrito a solo e lançado no próximo ano. Ainda não tem título e não se sabe se este livro contará com a aprovação dos Sussex. No início do passado mês de julho foi lançado o livro “Revenge: Meghan, Harry e a Guerra entre os Windsors”, de Tom Bower, no qual o autor expõe e relembra episódios marcantes daquilo que chama de “guerra” entre os duques e a monarquia. O príncipe Harry tinha o seu livro de memórias previsto para este outono, mas o lançamento foi adiado. Para trás (em abril), mas já este ano, está ainda o livro “The Palace Papers: Inside the House of Windsor – the Truth and the Turmoil”, de Tina Brown, que passa em revista os mais recentes 25 anos da família real, desde a morte da princesa Diana.