O Presidente russo assinalou esta sexta-feira o 30.º aniversário da Gazprom, empresa estatal russa de energia que, de acordo com Vladimir Putin, continua a crescer apesar da “concorrência desleal” do Ocidente e das sanções internacionais.

“Apesar da concorrência, digamos, aberta e desleal e das tentativas do estrangeiro de obstruir e conter o seu desenvolvimento, a Gazprom continua a avançar e a lançar novos projetos”, afirmou Putin durante uma videoconferência.

Putin enfatizou que o potencial e as “enormes reservas” exploradas pela companhia são “incomparáveis” com as de outros países exportadores de gás.

Em 30 anos, a companhia produziu mais de 13 biliões de metros cúbicos de gás e abriu 92 novas jazidas, às quais se devem somar reservas para extração de quase 35 biliões de metros cúbicos, que no ano passado duplicaram os volumes de extração.

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“Posso garantir aos nossos consumidores que haverá muito gás na Rússia por muitas décadas”, sublinhou Putin.

Os planos futuros da Gazprom, segundo Putin, “respondem plenamente aos interesses e aos objetivos e prioridades da Rússia como uma grande potência, um dos centros soberanos do mundo multipolar”.

“A decisão de mantê-la como um único complexo mostrou-se acertada do ponto de vista estratégico. A Gazprom cresceu, apoiou e puxou muitos setores e regiões inteiras com os seus programas sociais. Tornou-se uma das locomotivas do renascimento e crescimento económico”, avaliou.

O líder do Kremlin garantiu ter discutido os planos da empresa com o presidente da Gazprom, Alexei Miller, agora que, devido à guerra na Ucrânia, está a decorrer uma “perestroika” [reconstrução] das rotas de abastecimento e procura de mercados alternativos ao europeu.

A esse respeito, a Gazprom informou que “num futuro próximo, a Rússia pode se tornar o maior fornecedor de gás para a China”.

Para isso, a empresa lançará em breve o projeto do gasoduto Força da Sibéria-2, que fornecerá gás à China através da Mongólia, e cujo funcionamento será iniciado em 2024.

A Rússia planeia fornecer nos próximos anos 48 mil milhões de metros cúbicos de gás anuais, um número muito superior aos 15,5 mil milhões entregues em 2022, e no futuro quer chegar a 100 mil milhões de metros cúbicos.

A empresa também considera entre as suas prioridades a criação na Turquia de um grande centro de distribuição internacional para contornar as sanções ocidentais.

Por sua vez, Putin insistiu que “o gás será por muito tempo o recurso mais valorizado, um ativo real cuja procura não parará de aumentar”.

O Presidente russo lembrou que nos últimos 30 anos o consumo de gás quase duplicou e prevê que nos próximos 20 anos aumente pelo menos 20%.

“Mais da metade desse crescimento virá dos países da região da Ásia-Pacífico, especialmente, é claro, da China, levando em conta as taxas de crescimento da sua economia”, afirmou.

As exportações de gás da Rússia caíram 25,1% em 2022, um declínio drástico que foi parcialmente compensado pelo aumento de 48% no fornecimento para a China, informou o vice-primeiro-ministro russo, Alexandr Novak, nesta semana.

A referida queda nas exportações “está relacionada tanto a razões objetivas, à recusa dos países europeus em comprar gás russo, quanto a atos subversivos contra os gasodutos Nord Stream 1 e 2”, explicou.

A Gazprom, a empresa controlada pelo Estado russo, foi fundada durante a União Soviética (1989), mas só abriu a capital privado em 17 de fevereiro de 1993.

Miller, um aliado próximo do Presidente russo, lidera desde 2001 o consórcio, cuja falta de transparência tem sido amplamente criticada no Ocidente, onde o consideram uma ferramenta de influência geopolítica do Kremlin.