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Uma unidade russa acusou os comandantes de usar “tropas de barreira” para impedir retiradas e forçar os militares a prosseguir os combates. Num vídeo, divulgado através do Telegram, um grupo de soldados alega ter sido ameaçado pelas chefias russas depois de sofrer baixas elevadas no leste da Ucrânia.

A declaração, dirigida ao Presidente russo, Vladimir Putin, começou a ser difundida na sexta-feira por vários canais de Telegram. Nas imagens um grupo de cerca de doze soldados identifica-se como o que resta da unidade Storm, criada em janeiro pelo Ministério da Defesa russo para combater na ofensiva de inverno no leste da Ucrânia.

“Estivemos sob o fogo de artilharia e morteiros durante 14 dias”, denunciou no vídeo um soldado que se identificou como Alexander Gorin, segundo uma tradução do jornal The Guardian. O militar explicou que a unidade — inicialmente composta por 161 membros — tomou a decisão de recuar para a sede do exército russo, mas os superiores recusaram permitir uma retirada.

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“Colocaram ‘tropas de barreira’ atrás de nós e não nos deixavam abandonar as posições … Estão a ameaçar destruir-nos um por um como unidade. Querem executar-nos como testemunhas de uma liderança completamente negligente e criminal“, afirmou. Segundo Gorin, durante os ataques morreram 22 pessoas, incluindo o comandante, e 34 pessoas ficaram feridas.

O jornal britânico conseguiu identificar oito dos militares que aparecem no vídeo. Ao contactá-los, três confirmaram ser membros da unidade Storm e reforçaram as alegações proferidas no vídeo. Disseram, sob anonimato, que já foram entretanto retirados da linha da frente.

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O caso desta unidade não é único. São vários os relatos de baixa moral e de relutância em combater no seio das forças russas ao longo dos últimos meses, uma informação já apontada pelo Ministério da Defesa do Reino Unido num relatório publicado em novembro do ano passado.

Em janeiro deste ano, o jornal The Moscow Times noticiou um outro caso. Os membros de uma outra unidade russa diziam ter recebido a ameaça de ser declarados desertores depois de uma retirada das posições de combate. Garantiram, no entanto, que a ordem tinha partido de um dos comandantes.

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