O presidente da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA) disse que o governo desburocratizou o processo de emissão de cartões de subvenção à gasolina, que permitirá uma produção diária de 500 cartões.

Francisco Paciente disse à Lusa que, desde sexta-feira, data em que começou a vigorar o novo preço da gasolina foram produzidos cerca de 400 cartões.

“Infelizmente, a medida foi tomada antes de produzirem os respetivos cartões e agora vai-se tendo alguma dificuldade na atribuição dos cartões”, referiu Francisco Paciente, que participou numa reunião com a Agência Nacional dos Transportes Rodoviários e taxistas de Luanda, para abordar a problemática dos cartões.

Na quinta-feira passada, o governo angolano anunciou a retirada gradual do subsídio aos combustíveis, que iniciou com a gasolina, mantendo a subvenção aos outros derivados de petróleo.

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“O governo, por via da agência, disse-nos que foram retiradas algumas burocracias do processo e a partir de hoje passou a emitir 500 cartões por dia, aumentou-se mais bancos na emissão de cartões (…). Nos próximos dois dias veremos como estará a distribuição desses cartões, para ver se abrange um maior número de taxistas, não só em Luanda, mas também nas províncias, onde já há situações desastrosas neste momento”, disse.

A província do Huambo, na segunda-feira, e da Huíla, registaram alguns protestos violentos devido ao aumento do preço da gasolina, com intervenção da polícia, havendo no primeiro caso um saldo de cinco mortos, oito feridos e mais de 30 detenções.

Francisco Paciente sublinhou que todos os cartões emitidos até à data beneficiaram apenas taxistas de Luanda, onde estão registados 1.500 taxistas com veículos movidos a gasolina.

O responsável referiu que aguardam os relatórios das províncias da Huíla, Huambo, Namibe, onde boa parte dos veículos são a gasolina, ao contrário de Luanda, que tem 80% de veículos a gasóleo. Segundo o presidente da ANATA, caso o governo cumpra com esta meta diária de produção, “vai dar um bom jeito para a distribuição dos cartões aos taxistas”.

Questionado sobre qual o ânimo dos taxistas em Luanda nesta altura, Francisco Paciente disse que tem sido feito um trabalho de sensibilização, apelando à calma “para evitar situações desastrosas”.

“E estamos a exigir que o governo seja célere na atribuição dos cartões, para evitar reações daquelas que estamos a verificar nas demais províncias. Tudo pode ser evitado de acordo com a capacidade de produção e distribuição dos cartões aos taxistas”, salientou. O responsável vincou que quanto maior for o número de cartões emitidos e distribuídos, isso ajudará quer os taxistas quer os cidadãos a “entenderem que é um processo”.

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“Até porque os cartões estão a vir carregados com saldo dos dias em que os taxistas não tinham o cartão. Os cartões começaram a ser entregues no dia 2 de junho, quem receber hoje vai ter no saldo os dias 2, 3, 4 e 5”, realçou.

“Luanda ainda está calma, fruto desse encontro que juntou taxistas e representantes de gestores de frotas da província de Luanda, e vamos continuar a dialogar para que o governo resolva o mais urgente possível esse problema dos cartões”, disse.

Enquanto decorre o processo de entrega dos cartões, Francisco Paciente disse que têm recebido denúncias de casos isolados da subida de preço da corrida de táxi, mas “não há necessidade”, porque serão pagos os dias em falta, reiterando que “se o gasóleo não subiu e a gasolina será subsidiada, não há razões da subida de preço da corrida de táxi”.

“Mas de forma isolada vamos ouvindo que um ou outro taxista tenha feito alguma subida na corrida de táxi, nós não verificamos, mas estamos a receber, na verdade, estas denúncias”, acrescentando que o mesmo problema se verifica com aqueles que encurtaram as rotas.