Propor um veículo com a potência, capacidade de aceleração e velocidade máxima de modelos cujo preço é 10 vezes superior tem o condão de atrair o interesse de uma quantidade generosa de clientes e se a esta lista de trunfos juntarmos os propulsores (rockets) de ar frio – que alegadamente farão o desportivo acelerar mais rápido, travar numa distância inferior e curvar mais depressa –, é fácil perceber porque há tantos clientes à espera que o Roadster chegue ao mercado. Mas tudo indica que o modelo anunciado em 2017 e agendado para 2020 vai voltar a derrapar, desta vez para 2024.

A Tesla já habituou os seus clientes a terem que lidar com atrasos consideráveis na chegada ao mercado dos seus modelos e o Roadster é o exemplo mais recente de uma espera que se arrasta. O coupé desportivo, a confirmar-se o início das entregas a clientes no próximo ano, acusará quatro anos de atraso, pelo que importa saber se é caso raro na indústria. A marca norte-americana de veículos eléctricos alega que, para o Roadster estar à altura das promessas, precisa de melhores baterias – que tardam em estar disponíveis –, capazes por um lado de alimentar entre 1500 e 2000 cv, mas, por outro lado, manter o peso relativamente contido, apesar de apontar para uma capacidade próxima dos 200 kWh, visando assegurar a anunciada autonomia de praticamente 1000 km.

Mas se os quatro anos de atraso parecem exagerados, não é necessário procurar muito para encontrar outro modelo deste segmento, com tecnologia mais sofisticada, como é o caso do Mercedes-AMG One, para encontrar derrapagens similares, pois também o hiperdesportivo da Mercedes foi apresentado no salão automóvel de Frankfurt de 2017, vendendo rapidamente todas as unidades, previstas entregar em 2019. Ola Källenius, o CEO da Mercedes, atrasaria depois o prazo para 2020 e, mais tarde, para 2021, mas as primeiras entregas apenas tiveram lugar em Janeiro de 2023.

O Tesla Roadster tem tudo para deliciar os amantes de hiperdesportivos eléctricos, uma vez que mesmo na versão normal, ou seja, sem rockets, promete 1,9 segundos de 0-96 km/h (1,1 segundos com os rockets), 402 km/h de velocidade máxima e uma autonomia de 997 km. E tudo isto por 200.000 dólares na versão base, para a edição limitada Founders Series, de que apenas vão fabricadas 1000 unidades – já todas vendidas –, ser proposta por 250.000$. Pode confirmar as especificações aqui.

Com este nível de performances, o Roadster da Tesla coloca-se ao mesmo nível do Rimac Nevera, também eléctrico e proposto por 2 milhões de euros antes de impostos, a anunciar 1914 cv, 412 km/h e 0-100 km/h em 1,97 segundos (reivindica 0-96 km/h em 1,74 segundos) e uma autonomia de 550 km graças a uma bateria de 120 kWh, nas 150 unidades que irá produzir.

Se incluirmos na lista de concorrentes propostos com motor a combustão, o número de adversários sobe consideravelmente, com o Bugatti Chiron a anunciar 1500 cv, 420 km/h de velocidade e 0-100 km/h em 2,5 segundos, sendo proposto por 2,5 milhões de euros, antes de taxas. O Mercedes-AMG One é outro hiperdesportivo a considerar, de que vão ser fabricadas 275 unidades a 2,75 milhões de euros cada, antes de impostos, valor referente a um modelo exuberante, que já bateu o recorde no Nürburgring. Está equipado com uma mecânica de F1, que junta um 1.6 V6 turbo a gasolina a três motores eléctricos, que juntos atingem 1063 cv, o que lhe permite anunciar 352 km/h e 0-100 km/h em 2,9 segundos. O ramalhete de hiperdesportivos não estaria completo sem a menção ao Aston Martin Valkyrie, um concorrente directo do AMG One e que pretende disputar os recordes em pista, a começar pelo de Nürburgring. O modelo inglês monta um 6.5 V12 atmosférico associado a um sistema tipo KERS similar ao dos F1, de que extrai 1155 cv para atingir 100 km/h em 2,6 segundos e 402 km/h. As 150 unidades são entregues por 2,5 milhões de euros cada, antes de taxas.

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