Mais de 300 pessoas, incluindo um parlamentar, foram presas após protestos na quarta-feira, que já tinham sido proibidos pelas autoridades, contra os novos impostos no Quénia, disse esta quinta-feira o ministro do Interior.
Durante essas manifestações antigovernamentais, sete pessoas foram mortas, de acordo com um novo relatório.
As manifestações de quarta-feira em várias cidades do país ficaram marcadas por confrontos ao longo do dia entre manifestantes e forças de segurança, com os primeiros a atirarem pedras e os segundos a responderem com gás lacrimogéneo e munições reais.
As 312 pessoas que direta ou indiretamente planearam, orquestraram ou financiaram os protestos violentos e atos de ilegalidade (na quarta-feira), incluindo um parlamentar, foram presas e serão acusadas de vários crimes“, afirmou Kithure Kindiki, condenando o “hooliganismo” e a “anarquia”.
“A procura por outros responsáveis ??[pela violência] está em andamento”, acrescentou.
Sete pessoas foram mortas durante esta nova mobilização da oposição. Na quarta-feira, duas fontes policiais disseram à agência France-Presse que seis pessoas foram mortas a tiro pela polícia durante manifestações em três cidades do Quénia, incluindo três nos subúrbios da capital do país, Nairobi.
Uma sétima pessoa foi morta durante manifestações em Sondu, cerca de 300 quilómetros a noroeste da capital, disse Geoffrey Mayek, comandante da polícia na região, na quinta-feira.
Na favela de Kangemi, em Nairobi, 53 crianças foram hospitalizadas na quarta-feira, algumas inconscientes, por causa do gás lacrimogéneo ter sido disparado perto de salas de aula.
Na origem da mobilização antigovernamental esteve o veterano da oposição queniana Raila Odinga, várias vezes candidato derrotado nas eleições presidenciais, que acusou a polícia na quarta-feira de ter “disparado, ferido e morto manifestantes“, sobretudo em Nairobi.
Esses incidentes ocorrem dias depois de outros protestos mortais contra o governo do Presidente William Ruto em várias cidades do país. Pelo menos seis pessoas foram mortas na sexta-feira passada durante esses comícios, de acordo com o Ministério do Interior. As organizações não-governamentais (ONG) denunciaram a violenta repressão policial.
A Comissão de Direitos Humanos do Quénia pediu já uma investigação sobre todos os incidentes relatados envolvendo a polícia.
No início de julho, o Presidente Ruto promulgou uma lei de finanças que introduz uma série de novos impostos, apesar das críticas da oposição e da população deste país afetado pela alta inflação.
A aliança Azimio de Raila Odinga pretende organizar manifestações semanais contra a política do Governo.
Odinga foi derrotado por William Ruto nas eleições presidenciais de agosto de 2022, mas ainda contesta os resultados, acreditando que a sua vitória foi “roubada”.