Portugal registou um aumento de 36,4% no número de órgãos transplantados no primeiro semestre do ano, em comparação com o período homólogo de 2022, anunciou o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), nesta quarta-feira.

Em comunicado, o IPST adianta ainda que foi assinalado um crescimento de 22% no número de dadores falecidos, com uma taxa de 18 dadores por milhão de habitantes.

Os dados revelados nesta quarta-feira surgem a propósito do Dia Nacional da Doação de Órgãos e da Transplantação, que se assinala na quinta-feira pelo IPST e pela Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT). Segundo a presidente da SPT, cerca de 1.800 pessoas aguardam em Portugal por um transplante renal, que tem um tempo de espera médio a rondar os cinco anos.

Em declarações à agência Lusa, Cristina Jorge lembrou a importância da doação em vida, recordando que, em Portugal, houve no ano passado uma situação de dador de rim altruísta, que deu para desconhecidos. Para que a doação em vida possa acontecer, explicou a especialista, a pessoa deve comunicar essa vontade junto de uma das sete unidades que fazem transplantação em Portugal. “Só podem ser dadores de rim quem for saudável. É preciso assegurar que a pessoa não tem nenhuma doença que impeça essa doação”, disse a responsável, sublinhando igualmente a importância de “minimizar os riscos desta doação para a própria pessoa”, para que não venha a desenvolver, mais tarde, uma insuficiência renal.

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Em 2022, o transplante renal representou 53,2% de todos os órgãos transplantados, tendo aumentado em 25 transplantes (5,5%) com “uma significativa expressão do transplante de dador vivo”.

De acordo com o IPST, o programa de doação renal cruzada permitiu, no ano passado, a realização de cinco transplantes de dador vivo em dois ciclos, com um primeiro ciclo de dois transplantes e um segundo de três transplantes (desencadeado por um dador altruísta). Os últimos dados divulgados pelo IPST indicam que se fizeram 814 transplantes de órgãos no ano passado, mais 15 do que em 2021. Os números apontam ainda para o maior número de sempre de pulmões transplantados — 76 órgãos em 39 doentes.

Portugal ocupou em 2021 o 4.º lugar no ranking mundial da doação de órgãos de dador falecido, com 29,6 dadores pmh. Este ano, a SPT e o IPST dedicam o Dia Nacional da Doação de Órgãos e da Transplantação ao papel da globalização e da digitalização na doação e transplantação de órgãos, numa iniciativa que vai decorrer no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e onde se debaterá igualmente o tráfico de órgãos, a doação em vida e a dádiva cruzada.