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“Se pudermos usar um vestido bonito, vamos usá-lo”. Logo após a Jamaica ter empurrado o Brasil para fora do Mundial ainda na fase de grupos, o selecionador da Jamaica, Lorne Donaldson, não recusou a ideia das Reggae Girlz estarem a viver a história da Cinderela com a inédita passagem ao oitavos de final.
Na eliminatória contra a Colômbia, em Melbourne, na Austrália, a história funcionou ao contrário. As que vinham para serem princesas é que roubaram o sapatinho. A jamaicana Tiernny Wiltshire cravou a sola no calcanhar na adversária Catalina Usme. A colombiana ficou descalça e agarrada ao tendão de Aquiles com dores. Bem vistas as coisas, calçar um par de chuteiras não é muito diferente de calçar sapatos de salto alto. Em vez do peso do corpo estar concentrado em duas agulhas, está distribuído por vários pitons.
"We're gonna take it one game at a time…if we can wear a pretty dress, we'll put it on."
Lorne Donaldson's response when asked if Jamaica will be the "Cinderella story" at the 2023 World Cup.
Question by @waydebrown_#FIFAWWC | #ReggaeGirlz pic.twitter.com/qA7DPiZDCt
— Theo Lloyd-Hughes (@theolloydhughes) August 2, 2023
Apesar da semelhanças com o conto, o enredo do jogo não se aproximava de um guião recomendável para uma história infantil. Os duelos intensos não eram protagonizados por personagens que guardam o sofrimento nas páginas dos livros. Jody Brown por exemplo, levou com a bola na cara e sentiu o impacto do embate. No campo, onde as protagonistas ainda procuravam o tal vestido que embelezasse o encontro, assistia-se a uma sequela da Gata Borralheira e não tanto da Cinderela.
The deadlock is yet to be broken in Melbourne / Naarm! ????#BeyondGreatness | #FIFAWWC
— FIFA Women's World Cup (@FIFAWWC) August 8, 2023
Catalina Usme (51′) colocou a Colômbia em vantagem logo no início da segunda parte. Um cruzamento de um lado ao outro do campo de Ana María Guzmán apanhou a defesa jamaicana, Deneisha Blackwood, desprevenida. A resposta foi imediata. Jody Brown cabeceou ao poste e falhou o empate por pouco.
Captain Fantastic! ????????@CataUsme gives @FCFSeleccionCol the lead! ????#BeyondGreatness | #FIFAWWC pic.twitter.com/yttWjSpbcd
— FIFA Women's World Cup (@FIFAWWC) August 8, 2023
A Jamaica foi atrás do golo que esteve perto de acontecer. Drew Spence, dentro dos dez minutos finais, cabeceou ligeiramente ao lado. O último fôlego num Mundial em que foram um balão de oxigénio.
???????? @FCFSeleccionCol move on to the Quarter-Finals for the first time! ????#BeyondGreatness | #FIFAWWC
— FIFA Women's World Cup (@FIFAWWC) August 8, 2023
A pérola
- Rápida, ágil, atenta. Jorelyn Carabalí, defesa-central colombiana responsabilizou-se por manter a baliza a zero. A jogar em dupla com Daniela Arias, a jogadora do Atlético Mineiro foi uma das marcadoras diretas de Khadija Shaw, a jogadora mais adiantada e a grande estrela da Jamaica, impedindo-a de conseguir situações de finalização.
O joker
- A Colômbia não é refém da capacidade criativa de Linda Caicedo. Também Leicy Santos tem rasgos técnicos no meio-campo que oferecem imaginação ao jogo colombiano. Com tantas jogadoras deste tipo juntas, as sul-americanas fogem à matriz do futebol da região do globo de onde são provenientes tantas vezes caracterizado pela capacidade de choque.
A sentença
- A Colômbia avança para os quartos de final e garante desde já a melhor participação de sempre em Mundiais. Las Cafeteras tinham caído nos oitavos de final na edição de 2019, sendo que, em 2011, nem sequer passaram a fase de grupos. A Inglaterra é o próximo adversário das sul-americanas. A Jamaica sai após ter jogado pela primeira vez uma eliminatória da prova.
A mentira
- A desilusão da Jamaica devido à eliminação não condiz com o feito histórico que a equipa alcançou ao chegar aos oitavos de final num grupo onde também estava a França e o Brasil. Talvez uma melhor prestação de Khadija Shaw, que deixa o Mundial sem qualquer golo marcado e com um cartão vermelho, pudesse ter ajudado as Reggae Girlz a irem um pouco mais além.