O secretário para África do Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou este sábado que o país quer estender às empresas o pilar económico proposto por Angola para a CPLP.

Em entrevista à Lusa, por ocasião da cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, o embaixador Carlos Duarte, secretário para África e do Médio Oriente do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, afirmou que o pilar económico proposto pela Presidência cessante (Angola) deve incluir também empresas e não apenas parcerias económicas dos estados.

A cimeira de domingo ocorre num contexto de uma visita do Presidente brasileiro à África do Sul, para participar num encontro do grupo BRICS (composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e de uma viagem a Angola, que termina hoje.

“O Presidente Lula deixou muito clara a prioridade [da diplomacia] para África e, evidentemente dentro da África, os países de expressão portuguesa têm um lugar muito especial”, afirmou o governante.

Segundo o diplomata, “África também é uma região em evolução em desenvolvimento e essa vertente económica e empresarial é algo que é muito forte no âmbito do continente” e, mesmo dentro da CPLP, “há um potencial de cooperação e de atuação nessas áreas que é muito expressivo”.

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“Já há uma cooperação na área, por exemplo, aduaneira e na área de bancos centrais”, mas esse é o “embrião de uma cooperação económica” que se pode “desenvolver mais para o lado empresarial”, afirmou, dando o exemplo da visita a Angola, onde Lula da Silva levou 150 empresários brasileiros.

“É claro que, com o caso com Angola, o Brasil tem uma relação económica já bastante forte, mas com os demais países de expressão portuguesa isso também pode ocorrer”, aproveitando o “efeito catalisador da língua portuguesa” que favorece “não apenas grandes empresas, mas também pequeno e micro empresário, aquele que desenvolve certo tipo de bem ou de serviço que pode ser facilmente reproduzido noutros países, ainda mais com a mesma expressão linguística”.

O facto de cada país da CPLP estar inserido em regiões económicas autónomas e com tendência para desenvolver projetos de livre-comércio pode ser visto como uma oportunidade porque a instalação de uma empresa lusófona noutro país “tem um mercado muito maior e mais global”.

Alguns países já anunciaram fortes investimentos nos próximos anos do setor do petróleo e diversificação económica, como é o caso dos futuros leilões de poços em Angola, e Carlos Duarte considera que o Brasil tem condições para aproveitar essas oportunidades de investimento.

“As empresas brasileiras, em termos de construção civil ou de participação no setor de petróleo e gás, são competitivas. São empresas que têm um conhecimento técnico e uma experiência” e “devem ser levadas em conta dentro dos critérios” dos concursos públicos de investimento nos países da CPLP.

No seu entender, “as oportunidades que existem hoje na África são muito significativas. É um continente jovem, é um continente que tem um potencial de crescimento muito grande e o Brasil tem tecnologias e atividades empresariais” que podem ser úteis.

A CPLP, que integra Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, realiza a 14.ª conferência de chefes de Estado e de Governo, em São Tomé e Príncipe, no próximo domingo, sob o lema “Juventude e Sustentabilidade”.