Há males que vêm por bem. Em condições “normais”, José Ángel Carmona seria reforço do Sporting, já tinha feito os primeiros minutos na Primeira Liga e arriscava até uma titularidade à frente de Ricardo Esgaio. Era isso que estava pensado, era isso que estava fechado. Num par de horas tudo ruiu, a começar pelos exames médicos que detetaram uma extensão maior na lesão muscular contraída no início de abril por Elche e ainda pelas discordâncias financeiras de última hora que fizeram ruir o negócio de vez. Assim, o espanhol que tem contrato com o Sevilha regressou à Andaluzia antes de ser cedido ao Getafe, não tendo ainda feito qualquer minuto oficial esta temporada. Caiu o jogador, caiu o perfil, chegou uma nova “perceção da realidade”.

Chumbo nos exames (já em Sevilha), divergências entre clubes, problemas com comissões: as três versões para Carmona não reforçar Sporting

Eram vários os nomes que o Sporting tinha ainda da última janela de transferências que voltaram a entrar na órbita leonina sem sucesso. Tariq Lamptey, internacional ganês do Brighton que esteve no Mundial-2022, não quis deixar o conjunto que é liderado pelo italiano Roberto de Zerbi. Milan van Ewijk, internacional Sub-21 neerlandês do Heerenveen que foi uma das revelações da Eredivisie e que esteve no último Europeu da categoria, rumou ao Coventry, do Championship. Tiago Santos, lateral do Estoril que passou pela formação do clube em Alcochete e que acabou por reforçar o Lille. Assim, outros alvos começaram a ser “ativados”.

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Carmona não teria propriamente todas as características que os últimos laterais direitos do Sporting tiveram desde que Rúben Amorim chegou a Alvalade, cumprindo na parte de fazer todo o corredor se necessário e podendo jogar como central à direita numa linha a três (o que poderia abrir espaço para outras dinâmicas coletivas a partir de trás) mas sem a mesma projeção ofensiva que por exemplo Pedro Porro conseguia dar quando estava nos leões. Essa vertente voltou a ser mais ponderada no novo ataque ao mercado, com o “bónus” de alguns negócios como o de Chermiti que foi uma “mais valia” face ao que era esperado. Entre as duas possibilidades que se começaram a desenhar, Iván Fresneda, de 18 anos, acabou por ser o escolhido.

O lateral era quase um “sonho proibido”, tendo em conta o número e a dimensão dos adversários. O Barça era um dos maiores interessados no jovem internacional Sub-20 (foi ao último Europeu Sub-19 mas caiu nas meias-finais frente à Itália, que venceria na decisão Portugal por 1-0) mas havia outros clubes como o Real Madrid, por onde Fresneda chegou a passar na formação, o Bayern e o Arsenal que tinham o lateral direito referenciado. O Sporting, beneficiando das boas relações com o Valladolid que tiveram continuidade com o equatoriano Gonzalo Plata, conseguiu fazer negócio, baixar dos cerca de 15 milhões que os espanhóis tinham como fasquia para ceder o jovem jogador e contratar Ivan Frésneda numa aposta até 2028. Apesar de ter tudo preparado para a apresentação esta terça-feira, questões burocráticas tinham adiado o anúncio.

O espanhol, que chegou ao final da tarde ao aeroporto de Tires e assistiu em Alvalade ao jogo entre Sporting e Famalicão num camarote, vai ter um custo de nove milhões de euros com mais dois a três de objetivos de rendimento a atingir, ficando o Valladolid com 10% de uma futura venda do jogador. Assim, os leões não só asseguram o terceiro reforço de 2023/24 como chegam aos 45 milhões fixos de custos de transferência, a que se acrescem pagamentos de mecanismos de solidariedade, custos de intermediação e metas desportivas. Até ao final do mercado, o conjunto verde e branco poderá ainda tentar contratar mais um ala para o lado esquerdo, o que permitiria outra gestão de Pedro Gonçalves mediante as necessidades da equipa.

Há ainda um dado importante a ter em conta a breve/médio prazo. De acordo com o jornal Record, e apesar da contratação garantida pelo Sporting, o Chelsea conseguiu assegurar o direito de preferência numa futura venda do espanhol, sem que se perceba ao certo que tipo de contrapartida esteve envolvida. A esse propósito, e apesar de já haver um acordo fechado com o conjunto verde e branco, o empresário do lateral Fali Ramadani, esteve em Londres no final da última semana para reunir com os dirigentes dos blues. O facto de contarem com Reece James e o reforço Malo Gusto no plantel, a par de todas as regras que os londrinos têm de cumprir a nível de fair play financeiro, fizeram com que não avançassem com uma oferta.

“Para mim é um orgulho tremendo poder representar este grande clube e vestir esta camisola. Estou muito entusiasmado com esta nova etapa e quero desfrutar ao máximo. Tenho muita vontade de jogar no Estádio José Alvalade. Vou dar tudo por esta camisola. Vou lutar, melhorar e tentar ajudar a equipa. Porro? Sim, falei com ele e também transmitiu muita confiança, explicou o que quer ver de nós e as primeiras sensações com ele também foram muito boas. Esse foi outro dos motivos para escolher vir para o Sporting. O jogo com o Famalicão foi maravilhoso, são adeptos incríveis. Vi um Estádio quase cheio, com tudo o que de bonito se vê tanto por fora, como por dentro. Espero fazê-lo também comigo dentro do campo”, referiu à Sporting TV.

“Gosto de ter a bola. Somos uma equipa que gosta de ter a bola, de começar a ganhar a posse de bola e creio que isso pode encaixar muito bem no meu jogo, porque gosto da posse de bola. Creio que posso trazer coisas no ataque e defensivamente adapto-me muito bem ao jogo, tenho também um bom 1×1 defensivo”, acrescentou ainda o lateral espanhol, que espera começar com uma vitória em Braga no próximo domingo.