807kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Mark Cousins: do princípio ao fim de Hitchcock, para contar uma história de "cinema intemporal"

Este artigo tem mais de 6 meses

Chega às salas portuguesas o documentário "O Meu Nome é Hitchcok", realizador pelo documentarista britânico, que continua a encontra no cinema o que descreve como "sublime acessível".

"Hitchcock esteve mais interessado em filmes intemporais e acho que isso é que resultou que sejam continuamente interessantes", diz o realizador
i

"Hitchcock esteve mais interessado em filmes intemporais e acho que isso é que resultou que sejam continuamente interessantes", diz o realizador

"Hitchcock esteve mais interessado em filmes intemporais e acho que isso é que resultou que sejam continuamente interessantes", diz o realizador

Mark Cousins estreia esta semana em Portugal o documentário O Meu Nome é Hitchcock, no qual revisita toda a filmografia deste cineasta, a partir de uma perspetiva mais lúdica e intimista, como se Alfred Hitchock vivesse no século XXI e olhasse para o passado e para os filmes que realizou. Em entrevista à agência Lusa a propósito desta estreia, Mark Cousins sublinhou a importância de se preservar, restaurar, digitalizar o cinema, para que possa chegar a novos públicos e para que daí possam surgir novas perspetivas.

O meu nome é Hitchcock é exemplo disso: “Peguei num caderno e vi todos os filmes dele, por ordem cronológica. Ao segundo filme pensei que havia qualquer coisa de interessante a explorar ali”, disse Mark Cousins, sobre o trabalho preparatório, que decorreu ainda em pleno confinamento da pandemia da covid-19.

No documentário, por momentos, o espectador é levado a crer que o narrador é o próprio Alfred Hitchcock, explicando planos, cenas, conceitos; mas na verdade o texto é de Mark Cousins e a voz é do ator Alistair McGowan, com ambos a colocarem-se no lugar do cineasta, olhando para os filmes à luz de vários conceitos — fuga, desejo, tempo, solidão. “Foi como escrever um monólogo para teatro. (…) Quando olhamos para a carreira dele, ele não tentou captar o espírito do tempo. Nos anos 1950 não fez filmes sobre rock’n’roll. Nos 70 não fez filmes sobre os hippies. Esteve mais interessado em filmes intemporais e acho que isso é que resultou que sejam continuamente interessantes”, disse Mark Cousins.

[o trailer de “O Meu Nome é Hitchcok”:]

O realizador britânico estreou O meu nome é Hitchcock pouco antes do documentário Marcha sobre Roma (2022) — este filme está ainda em cartaz em Portugal — sobre a ascensão do fascismo em Itália. Na prolífica filmografia há ainda outras abordagens aos arquivos do cinema, como The Eyes of Orson Welles (2017) ou The Story of Film: An Odyssey (2011), mas também extensos projetos abrangentes e quase enciclopédicos como Women make Film (2018) e A Story of Children and Film (2013).

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Estou interessado em pensamento visual, em pensar através das imagens. Na escola, eu era mau com as palavras, era um leitor muito lento, mas percebi que tinha memória visual e que me estruturava melhor com imagens”, explicou, quando questionado sobre o que o motiva em cada novo projeto. “Eu vinha de uma família de operários de Belfast. Tivemos uma guerra, não podíamos ir muito ao cinema, mas tínhamos a BBC, que mostrava clássicos, Fred Astaire, Ginger Rogers e Gene Kelly, Hitchcock. E fique obcecado. Não pelas histórias. Nunca estive interessado nas histórias, mas nas cores, na forma, no formato dos filmes, na forma como Gene Kelly dançava, feminino e masculino, tudo isso parecia-me transgressor. Hollywood parecia-me profundamente mais atrevido e tão diferente dos aborrecidos anos 1970 de Belfast”, recordou.

GettyImages-1125314335

"O cinema fala de uma forma única e atmosférica. Temos de ensinar os miúdos a analisar o cinema", diz Mark Cousins

South China Morning Post via Get

Ainda a propósito de memória e cinema, o investigador dá como exemplo o cinema português, atualmente em processo de digitalização pela Cinemateca Portuguesa, com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência. “Se recuarmos a 1942 e virmos o Aniki Bobó [de Manoel de Oliveira] é como abrir uma garrafa e sentir o ar de 1942. O filme era uma ‘message in a bottle’ [como uma cápsula do tempo]. Um país que tem uma história tão complexa como o vosso, alguns filmes durante o período de Salazar são bons, mas também captam a complexidade do tempo e reforçam alguns dos valores de Salazar. Isso é tudo importante”, descreveu.

E é por isso que, diz Mark Cousins, é preciso proteger o cinema da mesma forma que se protege a literatura. “O cinema fala de uma forma única e atmosférica. Temos de ensinar os miúdos a analisar o cinema, porque infelizmente pode ser perigoso e transmitir mensagens muito más sobre os seres humanos, mas a educação fílmica deve ocorrer em paralelo à preservação fílmica”, defendeu.

Mark Cousins, 58 anos, contou que o seu interesse pelo cinema começou quando tinha “oito anos e meio” e recorda que é a idade para a “iniciação mágica”. Tanto que, em 2010, juntamente com a atriz Tilda Swinton, criou uma organização intitulada 8 1/2 Foundation, dedicada a aproximar as crianças do cinema a partir, precisamente, dos oito anos e meio. “Ver um filme numa sala é diferente de ver em qualquer outro aparelho, porque não podemos fazer uma pausa, temos de abdicar do controlo. O cinema — não interessa o tamanho do ecrã em casa — é maior do que a vida, é luminoso. Costumo dizer que ir ao cinema é como estar sentado no inverno a contemplar o verão. O cinema é o sublime acessível, é sublime e não é dispendioso”, considerou.

 
Assine o Observador por 36,5€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Revista best-of gratuita
  • Uma estadia de duas noites hotel da Small Portuguese Hotels
  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Há 4 anos recusámos 90.568€ em apoio do Estado.
Em 2024, ano em que celebramos 10 anos de Observador, continuamos a preferir o seu apoio.
Em novas assinaturas e donativos desde 16 de maio
Apoiar

Habilite-se a duas noites na rede Small Portuguese Hotels e receba a revista especial aniversário ao assinar um ano por 66€ 36,5€

10 estadias para duas pessoas 360 páginas, portes gratuitos, stock limitado

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Há 4 anos recusámos 90.568€ em apoio do Estado.
Em 2024, ano em que celebramos 10 anos de Observador, continuamos a preferir o seu apoio.
Em novas assinaturas e donativos desde 16 de maio
Apoiar

Habilite-se a duas noites na rede Small Portuguese Hotels e receba a revista especial aniversário ao assinar um ano por 66€ 36,5€

10 estadias para duas pessoas 360 páginas, portes gratuitos, stock limitado