Stella Assange, a mulher de Julian Assange, jornalista que divulgou documentos classificados do governo norte-americano, num caso que ficou conhecido por WikiLeaks, veio a Portugal pedir apoio para a libertação do marido.

A advogada e ativista, que trabalha na defesa de Julian Assange desde 2011, confessou no palco principal da Web Summit que “não tem a predisposição” de gostar de falar em público. “Não é a coisa mais confortável para mim estar num palco destes, mas tenho de fazer alguma coisa. O maior risco é que os meus filhos cresçam sem o pai.”

Aos olhos de Stella Assange, que aterrou em Lisboa diretamente vinda do frio de Oslo, onde foi receber um prémio em nome do marido, o responsável pelo WikiLeaks “está na prisão e está a ser castigado porque expôs um super-poder”. Assange tornou pública informação dos EUA, que recebeu através de Chelsea Manning, que falou a seguir a Stella Assange no palco da Web Summit. Na altura, Manning era analista de segurança do governo norte-americano. “Viu estes crimes de guerra e decidiu denunciar.”

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Com a acusação contra Julian Assange, foi “ultrapassada uma linha que nunca tinha sido ultrapassada antes”, considerou a mulher do australiano. “É um reenquadramento completo do jornalismo”, defendeu Stella Assange, que considera que a prisão do marido é um caminho perigoso de acusar “um jornalista que publicou informação verdadeira.”

“É um perseguição política, que basicamente criminaliza o direito do público à informação”, argumentou.

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Stella Assange deixou também farpas ao papel da imprensa no retrato de Julian Assange que foi feito ao longo dos últimos anos. “A imprensa portou-se muito mal, entretanto retratraram-se. Se o Julian não tivesse sido tão difamado na imprensa se calhar não teria passado nem um dia na prisão.”

A advogada e ativista pediu que se continue a apoiar Julian Assange. “O mais importante é que Julian é um técnologo, um inovador, que está ao lado da liberdade de expressão e que está na prisão. Libertar o Julian é essencial nessa luta [pelo direito à informação]. Peço-vos a todos que ajudem o Julian”, apelou. “Precisamos dele livre e capaz de conseguir falar.”

Num apelo ao ativismo, Stella Assange pediu que não se corra o risco de “não falar, não adotar uma posição em que acreditam”. “Se não escolherem um caminho que esteja mais de acordo com o vosso interior e pensamentos é mais difícil de encontrar as pessoas com quem se identificam”, elaborou. E há “muitas formas diferentes de se ser um ativista”.

No fim, apelou à plateia para que ponha em prática as habilidades e competências “para o bem da humanidade”.