A presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, classificou quinta-feira como “vergonhosa” a instrumentalização pela Rússia em relação ao uso de migrantes na fronteira com a Finlândia.

“Tive uma conversa telefónica com o primeiro-ministro da Finlândia, Petteri Orpo, que me informou sobre a situação na fronteira com a Rússia. A instrumentalização dos migrantes por parte da Rússia é vergonhosa”, afirmou Von der Leyen num comunicado.

Bruxelas “apoia plenamente” as medidas adotadas pela Finlândia e agradeceu aos guardas fronteiriços finlandeses “por protegerem as fronteiras europeias”.

O Governo finlandês anunciou quinta-feira o encerramento dos seus quatro principais postos fronteiriços na fronteira oriental, uma medida destinada a travar o crescente afluxo de migrantes provenientes da vizinha Rússia.

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“O Governo [da Finlândia] tomou a decisão de fechar os pontos de passagem de Vaalimaa, Nuijamaa, Imatra e Niirala”, disse a ministra do Interior finlandesa, Mari Rantanen, numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro, Petteri Orpo, em que acusou a Rússia de “malícia”.

A decisão surge depois de a Guarda de Fronteiras ter alertado para o facto de, na última semana, se ter registado um aumento acentuado do fluxo de requerentes de asilo de países terceiros que chegam à fronteira com a Rússia.

Segundo a agência, mais de 200 pessoas de países terceiros entraram na Finlândia através dos pontos de passagem da fronteira oriental na última semana, principalmente do Iraque, Iémen e Somália, em comparação com 91 nos três meses anteriores.

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Jens Stoltenberg, afirmou estar a acompanhar de perto o que se passa na fronteira.

“A Aliança [Atlântica] está vigilante. É claro que os primeiros a responder, as autoridades finlandesas, são responsáveis pela gestão da situação na fronteira, mas precisamos de trocar informações, precisamos de ter o melhor entendimento comum possível da situação e, em seguida, tomar as medidas necessárias, se necessário, seja como NATO, como aliados da NATO ou noutros formatos”, afirmou Stoltenberg.

Em 2021, a UE sofreu um ataque híbrido por parte da Bielorrússia, que deslocou milhares de migrantes para as fronteiras da UE.

Na quarta-feira, a presidência russa (Kremlin) “lamentou profundamente” os planos da Finlândia para fechar a fronteira com a Rússia, face ao elevado número de travessias ilegais de migrantes e num contexto de tensões crescentes.

As relações entre os dois vizinhos deterioraram-se consideravelmente desde fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, ataque que levou a Finlândia, preocupada com a sua própria segurança, a aderir à NATO, aliança que Moscovo considera uma ameaça.

“Lamentamos profundamente que as autoridades finlandesas tenham escolhido um caminho de distanciamento deliberado das boas relações que tínhamos”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, quando questionado sobre o facto de a Finlândia ter anunciado na terça-feira que estava a considerar restringir o tráfego fronteiriço ou mesmo fechar os seus pontos de passagem com a Rússia.

O primeiro-ministro finlandês acusou a Rússia de permitir deliberadamente que migrantes atravessassem a fronteira, apesar de não terem documentos válidos, sugerindo que se tratava de uma tentativa de desestabilizar o seu país.

A Finlândia partilha uma fronteira de 1.340 quilómetros com a Rússia.