Um alto responsável do Hamas afirmou esta quarta-feira que o grupo islamita palestiniano “não participará no jogo” de Israel para uma nova libertação dos reféns israelitas, que seria seguida de “outra ronda de assassínios em massa” na Faixa de Gaza.

Ghazi Hamad confirmou, em declarações ao canal de televisão Al-Jazeera, que “algumas pessoas” estão a tentar negociar uma trégua nos combates, embora tenha defendido que isto não é do interesse do grupo palestiniano.

“Israel jogará a carta dos reféns e depois iniciará outra ronda de assassínios em massa e massacres contra o nosso povo”, alertou Hamad.

“Não participaremos neste jogo”, afirmou, embora tenha sublinhado que o grupo islamita “está disposto a negociar com todos”, uma vez alcançado o fim do conflito, e assumir “um grande compromisso” que inclua a libertação dos reféns israelitas e de palestinianos nas prisões de Israel.

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Assim, destacou que a “visão” do Hamas “é muito clara” e reiterou que a prioridade é “travar a agressão”.

“O que está a acontecer no terreno é uma grande catástrofe”, disse Hamad, antes de denunciar a “destruição massiva” e os “assassínios em massa” cometidos pelo exército israelita.

Por outro lado, Hamad assegurou que o Hamas pediu “em muitas ocasiões” à Fatah (força palestiniana que está no poder na Cisjordânia) que se mantivesse em contacto para “a adoção de decisões em conjunto”, mas o Presidente da Autoridade Palestiniana (AP), Mahmoud Abbas, rejeitou esta possibilidade.

“O problema continua a ser o Presidente da Autoridade Palestiniana, que rejeita estes apelos do Hamas”, disse, antes de sublinhar que o grupo “está muito interessado em reunir-se com os irmãos da Fatah e de outras fações palestinianas”.

Neste sentido, Hamad defendeu que o objetivo seria “pensar em como lidar com a atual situação em Gaza, tanto no âmbito político como humanitário”, ao mesmo tempo que afirmou que os Estados Unidos “estão a tentar mudar a situação” no terreno.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou em diversas ocasiões que a Autoridade Palestiniana poderia assumir o comando político na Faixa de Gaza depois do fim da guerra e após Israel atingir os seus objetivos, que é “erradicar” o Hamas – que controla o enclave palestiniano desde 2007.

Desta forma, Hamad afirmou que, até agora, “não houve progressos” da Fatah para “se aproximar do Hamas”.

“Estamos abertos a sentar-nos com ele [Abbas], a conversar com todas as fações palestinianas, tendo como prioridade parar a agressão”, afirmou o alto dirigente do Hamas.

“Depois disso, poderemos pensar em como resolver a situação na Cisjordânia e em Gaza para reorganizar o lar palestiniano, ter um sistema político e uma autoridade palestiniana”, argumentou o Hamas, que expressou o seu “desejo” de que “os irmãos de Fatah” deem passos mais positivos nesta direção.

As declarações de Hamad surgem após o líder do Hamas, Ismail Haniya, ter viajado hoje para o Egito com o objetivo de discutir um possível acordo com Israel para uma trégua humanitária, que levaria à libertação dos reféns raptados durante os ataques do grupo islamita em 07 de setembro em Israel.

O Presidente de Israel, Isaac Herzog, havia afirmado horas antes que o país está preparado para uma nova trégua com o Hamas, como a acordada no final de novembro – que vigorou durante uma semana -, em declarações perante um grupo de embaixadores.

Segundo Herzog, a responsabilidade de alcançar acordos futuros recai sobre o grupo islamita palestiniano.