O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, acusou hoje o líder do Chega, André Ventura, de desvalorizar a pandemia de covid-19 e a capacidade de resposta de Portugal, ao defender uma comissão de inquérito à gestão do Governo.
“Quem defende uma comissão de inquérito desvaloriza o que estava a acontecer e desvaloriza a resposta que o país deu. E é por isso que eu quero colocar as atenções naquilo que é importante: na capacidade que o país teve para dar resposta a uma pandemia que a todos apanhou desprevenidos”, afirmou Pedro Nuno Santos aos jornalistas, numa conferência de imprensa na sede do PS, em Lisboa.
O líder do Chega, André Ventura, anunciou na sexta-feira, em Braga, que, quando começar a nova legislatura, o partido vai propor uma comissão parlamentar de inquérito à gestão da covid-19 por parte do Governo, particularmente no que respeita à compra de vacinas e de testes.
Para o secretário-geral do PS, é importante discutir-se “a melhor utilização dos recursos públicos, o que se fez, o que se fez bem, o que se fez mal”. “É por isso que existe uma Assembleia da República que fiscaliza a ação do Governo. Nem é preciso fazer comissões parlamentares de inquérito. Isso serve apenas para números mediáticos”, defendeu.
Pedro Nuno Santos referiu que no Parlamento se “fiscaliza a ação governativa todos os dias, durante a semana, todas as semanas”. “Esse trabalho de fiscalização deve ser feito. Não percamos de vista a capacidade que o país teve para fazer face à pandemia e para proteger o povo português”, disse.
Na quinta-feira, o Tribunal de Contas (TdC) revelou que os preços fixados pelo Governo para os testes de diagnóstico da covid-19 resultaram num aumento da despesa pública estimado em 153,4 milhões de euros entre 2020 e 2021.
Num relatório divulgado no seu ‘site’, o TdC conclui que os preços fixados pelo Ministério da Saúde para os testes de diagnóstico da doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), “nem sempre tiveram subjacente a fundamentação técnica apresentada pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA, IP)”. Isto “prejudicou a transparência dos respetivos processos de formação de preços e se traduziu em acrescida despesa pública”, conclui o relatório.
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, desvalorizou ainda as críticas que lhe foram feitas pelo líder da Iniciativa Liberal, referindo que não esperava, “obviamente”, de Rui Rocha elogios ao seu trabalho. “Eu não esperava, obviamente, do líder da Iniciativa Liberal elogios ao meu trabalho, isso nunca aconteceria. Não é suposto, não estamos à espera e, por isso, não esperaria elogios”, disse Pedro Nuno Santo.
O líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, desafiou hoje os portugueses a refletir se querem “um demitido” para primeiro-ministro, referindo-se ao secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, um candidato que “vai acumulando nódoas no currículo”, em declarações aos jornalistas na Póvoa de Varzim.
Pedro Nuno Santos disse não saber do que fala o líder da IL, porque o que tem “para apresentar são resultados”. “E são resultados dos quais me orgulho”, vincou. O secretário-geral do PS defendeu que, na vida, no trabalho e na governação faz, concretiza e resolve problemas.
“Eu resolvi muitos problemas enquanto lá estive [no Governo — enquanto ministro das Infraestruturas]. Foi tudo perfeito? Não, não foi. Mas na vida e no trabalho não é sempre tudo perfeito. Mas quando vamos ao que importa e ao que é central, conseguimos resolver problemas e conseguimos entregar resultados”, afirmou.