O porta-voz do Livre exigiu a Marcelo Rebelo de Sousa uma nova ronda de audições após serem contados os círculos externos e defende a “doutrina” de que é a esquerda — o maior de três blocos nos quais divide o Parlamento — que deve governar. Após ter estado mais  de uma hora e meia reunido com o Presidente da República, Rui Tavares alerta que os resultados dos votos da emigração podem vir a ditar quem é o primeiro-ministro indigitado.

O líder do Livre diz que o país enfrenta uma situação de “incerteza” após umas eleições que não “clarificaram” a crise política. A “crise de regime”, adverte, agravou-se com a “crescida de um populismo autoritário, que cresceu nestas eleições, com um discurso eficaz, mas desonesto, de mentira, divisão e ódio”. Rui Tavares acredita que “existe uma maneira, que não é menos eficaz, que é um discurso de verdade, de pedagogia democrática, de civismo e que melhor as condições de vida”.

Rui Tavares admite que Marcelo pode ouvir os partidos “quando entender”, mas que “por respeito dos concidadãos, justifica-se que se venham a ter outras audiências, essas sim as constitucionais para indigitação de primeiro-ministro, após os resultados finais eleitorais.”

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O líder do Livre lamenta que a reunião com o Presidente ocorra num momento em que “ainda não estão contados todos os votos”, o que seria “mais compreensível em eleições nas quais não haja uma possibilidade matemática de haver uma alteração das posições relativas dos partidos e das coligações a votos”, mas “acontece que há”. Rui Tavares diz que os votos dos círculos externos “ainda podem alterar o resultado eleitoral”. O porta-voz do Livre não revela, no entanto, qual é foi a resposta do Presidente da República.

Rui Tavares diz que apresentou a Marcelo “a doutrina” de que é preciso “procurar o bloco político mais amplo e mais coeso na AR” e que, “para o procurar, há um critério que é objetivo: a política de alianças, anunciada oficialmente pelos vários partidos durante a campanha eleitoral.”

Para o líder do Livre há “um critério objetivo factual: um campo da esquerda e da ecologia, que neste momento tem mais votos e mais mandatos; um campo representado pela AD e a IL, e um campo representado pelo Chega à parte.” Rui Tavares insiste que a AD deve esclarecer se acompanharia uma moção de rejeição a esse maior bloco, de esquerda.

Rui Tavares diz ainda que “a indigitação do primeiro-ministro vai depender dos votos contados”. O porta-voz do Livre diz que não sabe a que se dirige a moção de rejeição do PCP, já que não se sabe “que programa será e que governo será”.

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR