José Furtado apresentou a sua renúncia à presidência da Águas de Portugal, avança o Eco. Demissão conhecida depois do aumento de capital de 100 milhões de euros ter sido travado pelo Ministério das Finanças, um aumento de capital prometido ao presidente da empresa pública pelo anterior Governo depois de ter sido pago um dividendo extraordinário de igual montante.

José Furtado anunciou o pedido de renúncia, mas já tinha colocado o lugar à disposição em meados de abril à ministra do Ambiente, Graça Carvalho, que tutela o setor. Ao Observador, a Águas de Portugal limita-se a confirmar que o seu presidente “apresentou a renúncia”.

Já o Ministério do Ambiente fez entretanto um comunicado explicando que o pedido de demissão tinha sido formulado em meados de abril e que Graça Carvalho aceitou-o.

Aumento de capital da Águas de Portugal “não foi apreciado” por indicação acionista

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“O presidente do conselho de administração do Grupo Águas de Portugal (AdP), Dr. José Furtado, aquando do início de funções do Governo, solicitou uma reunião à ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, a qual se realizou a 12 de abril”, no âmbito da qual “colocou o lugar à disposição, tendo manifestado a vontade de, após quatro anos à frente do Grupo Águas de Portugal, abraçar novos desafios profissionais”.

O pedido foi aceite, segundo o comunicado do Ministério do Ambiente, “compreendendo as razões apresentadas”. Foi, por isso, “acordado que o processo de transição seria feito dentro de um quadro de normalidade”. E, assim, a 13 de abril, José Furtado enviou à ministra do Ambiente “uma carta a confirmar o seu pedido de renúncia, posteriormente formalizado nos termos legais”. O comunicado do Ministério do Ambiente coloca o ónus da decisão em José Furtado. Isto depois de demissões polémicas noutros ministérios, como a do diretor-geral do SNS, a substituição do diretor da PSP e a exoneração da gestão da Santa Casa.

Por outro lado, também dissocia a demissão à operação de aumento de capital, ainda que, segundo o Eco, quando foi decidido o dividendo extraordinário em dezembro do ano passado e tendo revelado a sua discordância José Furtado tenha ameaçado demitir-se, tendo ficado com o compromisso de o dinheiro ser reposto via aumento de capital.

O Ministério do Ambiente não revela quando o substituirá, mas diz que Graça Carvalho “espera poder continuar a contar com o seu contributo noutras funções públicas”, não especificando.

José Furtado tinha assumido a presidência da AdP em maio de 2020 e o seu mandato terminava no próximo ano.