Mais de metade dos portugueses têm uma opinião negativa em relação ao Ministério Público (MP) e à Procuradoria-Geral da República (PGR). As conclusões são da sondagem da Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e Público, que revela que 56% dos inquiridos classificam a atuação destes órgãos judiciais enquanto “má” ou “muito má”. Quando questionados sobre o “estado da Justiça em Portugal”, num panorama mais geral, 72% tem a mesma visão desfavorável.

Nas conclusões do relatório do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESPOP) da Universidade Católica de Lisboa sobre a avaliação que os portugueses fazem da Procuradoria-Geral da República e do estado da Justiça, assinala-se que o chumbo ao sistema judicial é comum aos eleitores de vários partidos.

Regressando ao MP e à PGR, apenas 35% dos inquiridos consideram que a atuação das duas instituições tem sido “razoável”. Os que dão uma nota verdadeiramente positiva são só 7%. A avaliação negativa é mais expressiva entre os eleitores que dizem votar PS: 66% dá nota negativa à atuação recente da PGR e do Ministério Público. De recordar que o governo socialista de maioria de absoluta, liderado por António Costa, caiu na sequência da demissão do ex-primeiro-ministro em novembro de 2023. O nome do governante surgiu no último parágrafo de um comunicado emitido pela PGR sobre o caso Influencer.

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Olhando de forma isolada para os eleitores da Aliança Democrática, são 47 por cento com o mesmo entendimento. Já entre os eleitores do Chega, partido que tem defendido a atuação de Lucília Gago, procuradora-geral da República, 49% dos inquiridos deram nota negativa ao órgão judicial.

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Num escala de “muito mau” a “muito bom”, não existem inquiridos a dar nota máxima à Justiça em Portugal

O entendimento de um sistema judicial em declínio é transversal aos inquiridos. Mais de dois terços dá nota negativa ao “estado da Justiça em Portugal”. O quadro negativo não melhora com a percentagem de inquiridos que vê como “muito bom” o desempenho judicial em Portugal, sendo que nenhum dos participantes da sondagem atribuiu esta nota.

Os eleitores do Chega destacam-se entre os que com piores olhos assistem ao estado da Justiça no país. A grande maioria — 81% — atribuíram as classificações de “mau” e “muito mau”. Já os inquiridos que votaram no PS e AD nas últimas eleições, 70% faz uma avaliação negativa da Justiça.

Entre os eleitores dos três maiores partidos em Portugal, a avaliação positiva do estado da Justiça não tem praticamente peso estatístico, não passando os 3% nos três casos.