Ainda sem resultados definitivos, é preciso ter “prudência” na análise às eleições na Madeira. Mas Luís Marques Mendes sabe que uma coisa é certa, apesar da vitória “saborosa” do PSD e de Miguel Albuquerque, os próximos “dias, semanas e meses vão ser um pesadelo” para o novo Governo da região autónoma. “O PSD ganha claramente, com uma folga significativa, e o PS tem uma derrota pesada em função do que se esperava”, afirmou o comentador este domingo no seu espaço semanal de análise na SIC.
Nesse sentido, será “muito difícil encontrar uma solução maioritária de governo”. Marques Mendes destaca que estas eleições decorreram “no contexto mais difícil de sempre” para o PSD Madeira, após Miguel Albuquerque ter sido constituído arguido por suspeitas de corrupção, e nas condições “mais fáceis que o PS teve para tentar ganhá-las e aconteceu tudo ao contrario”. Para o comentador, “o PS Madeira é um caso de estudo em termos democráticos”.
Face aos resultados, o cenário mais provável, para Marques Mendes é vir a haver na Madeira um governo minoritário do PSD com o apoio pontual no parlamento de outros partidos, “nomeadamente do Chega”. “É uma solução precária” mas é “a mais provável”.
Plano para a saúde apresentado esta semana
No mesmo espaço de comentário, Marques Mendes revelou que o plano de emergência para a saúde, prometido pelo Governo, deverá ser aprovado esta semana em Conselho de Ministros, que deverá ter lugar esta quarta-feira.
Terá cinco áreas, segundo Marques Mendes: recuperação de listas de espera, maternidades, saúde mental, médicos de família e serviço de urgência.
O Governo de Luís Montenegro tinha prometido apresentar este plano nos primeiros 60 dias do Governo. “Vai ser o teste do algodão”, diz Marques Mendes.
Acordo com professores é “histórico”
O comentador falou ainda do acordo conseguido esta semana com os professores, que classifica de “histórico”. Além de ser “uma grande vitória para os professores”, o acordo que prevê a reposição do tempo de serviço dos professores em menos de três anos é também uma vitória para o ministro Fernando Alexandre. “Mostrou competência e peso político”, considera Marques Mendes.
Para o comentador, o acordo “vai tornar carreira de professor mais atrativa, vai permitir uma acalmia nas escolas e vai, provavelmente, abrir um processo de revisão da carreira de professor”. Marques Mednes deixou ainda uma crítica à Fenprof, que não assinou o acordo, classificando a atitude como “incompreensível”.
“Podiam dizer ‘sim, mas não estamos ainda satisfeitos, vamos continuar a lutar’, mas viraram as costas”. Marques Mendes notou que a Fenprof tem uma grande ligação ao PCP, que “durante seis anos apoiou o governo de Costa, que não resolveu este problema. Vem outro governo e resolve o problema. Compreende-se que a organização vire as costas ao acordo? Fica a sensação que é politiquice, é uma forma estranha de defender os interesses dos professores”.
“Sonho europeu de Costa ganha uma enorme força”
Luís Marques Mendes falou ainda do futuro de António Costa. Isto depois de o ex-primeiro-ministro ter sido ouvido esta semana na qualidade de testemunha no âmbito da operação Influencer. Para Marques Mendes, Costa já estava “ilibado” após o acórdão do Tribunal da Relação, que diz não ter encontrado indícios de que o ex-primeiro-ministro tenha sido pressionado por Lacerda Machado.
“Costa foi ouvido, não foi constituído arguido, o que significa que o processo vai ser arquivado, é uma questão de dias, de semanas”, crê Marques Mendes.
A situação deixa António Costa “com melhores condições” para vir a ser presidente do Conselho Europeu. Para o comentador, “quando houver o primeiro sinal de uma potencial candidatura, Luís Montenegro devia ser dos primeiros a apoiar Costa para o cargo. Se for dos últimos não terá grande significado”.