A Rússia está pronta para cessar-fogo na Ucrânia e começar negociações de paz se Kiev abandonar a intenção de pertencer à NATO e retirar as tropas das quatro regiões que Moscovo considera terem sido anexadas em 2022. As exigências foram feitas por Vladimir Putin esta sexta-feira, que aproveitou para alertar que a realização da Cimeira da Paz, no sábado, apenas daria frutos se Moscovo estivesse presente.

“Assim que Kiev (…) iniciar a retirada efetiva das tropas [das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia], e assim que notificar que está a abandonar os seus planos de aderir à NATO, daremos imediatamente, nesse preciso momento, a ordem para cessar-fogo e para iniciar as negociações” de paz, garantiu o líder russo. Putin assegurou ainda que, se a Ucrânia cedesse a estas exigências, a Rússia iria garantir a retirada das tropas ucranianas de forma segura. Esta proposta tem como objetivo uma “resolução final” do conflito, admitiu.

As declarações de Putin foram feitas esta sexta-feira após uma reunião no Ministério dos Negócios Estrangeiros russo. O Presidente russo não estava presente num encontro deste ministério há três anos.

Neste dia que antecede a Cimeira da Paz, que terá lugar na Suíça, e onde é esperado que os países discutam sobre possíveis vias para alcançar a paz na Ucrânia, Putin aproveitou ainda para deixar o alerta: “O modelo ocidental para a segurança mundial não funciona.” E acrescentou que o mundo está “perto” do “ponto de não-retorno”, por causa da “arrogância” e “egoísmo” do Ocidente.

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E criticou o facto de o evento se realizar sem a participação de Moscovo. “Sem a participação da Rússia e sem um diálogo honesto e responsável connosco, é impossível alcançar uma solução pacífica na Ucrânia e para a segurança da Europa em geral.”

Líderes do G7 acordam empréstimo de 50 mil milhões de dólares à Ucrânia pago com juros dos bens russos congelados

Reagindo à decisão tomada pelos líderes do G7 na passada quinta-feira, Putin disse que “o roubo, pelo Ocidente, dos ativos financeiros russo não passará sem castigo”. O líder referia-se à utilização dos juros desses ativos para entregar dinheiro à Ucrânia, financiando o seu esforço de guerra. Na passada quinta-feira, o grupo dos países mais industrializados do mundo concordou mobilizar 50 mil milhões de dólares (46,3 mil milhões de euros) para ajudar na reconstrução da Ucrânia, usando os ativos russos congelados.

Para Vladimir Putin, está em causa um “roubo”. “Os países ocidentais congelaram parte dos ativos e das reservas de moeda estrangeira da Rússia. E agora estão a pensar numa base legal para se apropriarem deles definitivamente. Mesmo que embelezemos as coisas, o roubo continua a ser um roubo e não ficará impune“, repetiu. E acrescentou: “Está a tornar-se óbvio para todos os países, empresas (e) fundos soberanos que os seus bens e reservas estão longe de estar a salvo… Qualquer um pode ser o próximo a ser expropriado pelos EUA e pelo Oeste.”