A Universidade de Macau (UM) recebeu o acervo do diplomata Kang Jimin, antigo líder da parte chinesa no Grupo de Ligação Conjunto Luso-Chinês, que preparou a transição de administração da região em 1999.
A UM disse que realizou uma cerimónia em que recebeu o acervo, doado por Han Jianli, viúva de Kang Jimin (1930-2018), de acordo com um comunicado divulgado na quarta-feira.
O acervo está dividido em 31 categorias, que incluem atas de reuniões e notas escritas por Kang Jimin, que “têm grande importância para a investigação académica sobre o regresso de Macau e a elaboração da Lei Básica”, a ‘miniconstituição’ do território, disse a UM.
Durante a cerimónia, o presidente da Fundação Macau, Wu Zhiliang, elogiou o trabalho de Kang Jimin na liderança da parte chinesa no Grupo de Ligação Conjunto Luso-Chinês, entre 1988 e 1993.
Com a sua rica experiência diplomática, ele deu o seu melhor para ultrapassar dificuldades e resolver problemas, estabelecendo uma boa base para uma transição de Macau e a criação da Região Administrativa Especial”, disse Wu.
Han Jianli disse que era a vontade do marido que este acervo fosse entregue a uma instituição educacional ou cultural do território para servir como “uma referência importante para a investigação sobre o desenvolvimento social e cultural de Macau”.
O Grupo de Ligação Conjunto Luso-Chinês foi criado no âmbito da Declaração Conjunta Luso-Chinesa sobre a Questão de Macau de 1987, que abriu caminho à transição da administração do território.
O grupo chegou a acordos que garantiram, entre outros, o estatuto do português como língua oficial de Macau, a proibição da pena de morte e a participação da região na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Antes de liderar o grupo, Kang Jimin foi vice-diretor do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.
No início deste mês, a UM anunciou a aquisição de uma reedição de 1491 dos Elementos de Euclides, matemático da Grécia antiga considerado o pai da geometria.
Na altura a universidade sublinhou que apenas 84 bibliotecas no mundo possuem esta edição de 1491, sendo a única existente na China.
Em 2022, a UM tinha adquirido um raro manuscrito português com o relatório oficial da embaixada, liderada por Alexandre Metello, enviada pelo rei D. João V à China em 1725, a única embaixada europeia recebida pelo imperador chinês Yongzheng.